Luanda - O admirável Filósofo Platão na obra o Banquete falara do célebre mito, segundo o qual, nos primórdios o ser humano – homem e mulher – era uma mesma realidade: com duas faces que olhavam em direcções opostas, quatro membros superiores e inferiores, quatro patas, duas faces e, tudo o que se possa imaginar. Eram tão fortes, tão realizados e felizes que mobilizaram a ira e a inveja do deus Júpter, que, entretanto, decidiu dividi-los e torná-los fracos. Desta divisão, surgiram os dois sexos, que vivem hoje se buscando constantemente um pelo outro, com o fito de completar-se na sua metade.

Fonte: Club-k.net

Todo o homem sonha. Sonha-se em tudo. Num mundo em que não seremos feridos por ninguém, e nosso espírito encontrará a sua realização mais elevada. Desta visão, os poetas aproveitaram-se para chamar-lhe felicidade. Mas a felicidade como tal não existe! O que há são momentos passageiros de boa disposição psicológica, de conforto financeiro e de ausência de preocupações.


A verdadeira felicidade, ninguém no nosso planeta a atinge; quem a tiveram foram os primeiros homens, descritos no livro do Génesis da Bíblia Judaica, antes de pecarem e serem separados do convívio com o Criador.


A felicidade pressupõe ataraxia, ausência de sofrimento, de preocupações, de dor, do chifre humano. A felicidade é eterna e não momentânea.


Até Jesus Cristo, na terra, não foi poupado... Não conheceu a felicidade!

 

O homem experimenta apenas alegrias constantes e que posteriormente são beliscadas. A felicidade não é fingida nem se mostra com máscaras. Mesmo quando através do encontro dos dois corpos no acto sexual, envolvemos todo o nosso ser físico e emocional, com vontade de estar dentro do outro, nem com isso atingimos a felicidade, pois, apesar de tudo, ela é um ideário como que um tesouro escondido e que deve ser procurado sempre, apesar de nunca ser encontrado. A felicidade está reservada aos desejos voadores dos intentos humanos. Assim, enquanto haver fome e penúrias, infidelidades e vinganças, invejas e outros males, a felicidade será sempre uma simples palavra a ser usada nos livros e um sonho. Apenas um sonho... Único caminho no qual ninguém se perde.


Todos fingimos que ter posses é sinónimo de felicidade e assim vamos! Ela tornou-se uma imaginação necessária dos românticos para contentar as almas violentadas pelas ameaças do pecado nunca visto, mas aclamado por algumas religiões: “oh necessário pecado de Adão, que foi destruído pela morte de Cristo! Oh ditosa culpa que nos mereceu tão grande Redentor!”


Com a queda da felicidade, o homem passou a preocupar-se em procurar o que quer e esqueceu-se daquilo que realmente necessita.


A glória de Deus – diz Santo Irineu – é que o homem viva em plenitude. Ora, se o homem não pode viver plenamente por imperativo de suas limitações humanas e naturais, como podemos sonhar que a felicidade seja um facto? A felicidade está nas campas desrespeitadas? Numa sociedade onde a seriedade académica é dança, nudismo e música sem conteúdo? Numa urbe em que o cacimbo simboliza gravidez para o adolescente e adulto sem livro para se cultivar e comunicar? No matar a aula na protestante Sexta-feira, numa autêntica recusa por um futuro melhor? Ou na assustadora fuga à paternidade?