Luanda - Os accionistas do Banco Postal, a quem o Banco Nacional de Angola (BNA) retirou licença em Janeiro, estão a negociar com três bancos comerciais que operam no sistema financeiro nacional a possibilidade de um destes incorporar o património daquela instituição à sua e, em seguida, os proprietários do Postal tornarem-se sócios do banco com quem fecharem acordo, confidenciaram ao NJ fontes ligadas ao processo.
Fonte: NJ
Segundo explicaram ao NJ fontes próximas aos accionistas do Banco Postal, tal acto só poderá acontecer depois do deferimento da Procuradoria-Geral da República, entidade a quem compete emitir a declaração de falência das instituições bancárias, junto do juiz da Co- marca Provincial de Luanda.
“Nós estamos a fazer as duas coisas em paralelo. Por um lado, estamos a re- clamar os nossos direitos, ao passo que do outro, estamos na busca de uma saída. Quando encontrarmos a saída vamos avançar com o processo”, revelou um dos interlocutores.
Acrescentando que “a nossa saída pode passar por integrar o património do Banco Postal numa outra sociedade [banco]. Sendo que ao integrar o património do Banco Postal a outro banco, os accionistas do Banco Postal passariam a ser também accionistas do outro banco”.
“O Banco Postal possui três unidades de negócio, nomeadamente o Xikila Money, com particular foco na formalização das actividades económicas, através de produtos específicos e dedicados aos micro e pequenos empresários; Comércio & Empresários e Corporate & Personal.
O que estamos a fazer é negociar com três outros bancos no sentido de introduzir as três unidades de negócio num dos bancos”, declarou uma outra fonte.
Questionados pelo jornal sobre o nome dos três bancos com que têm negociado, as fontes decidiram não revelar alegando que há compromisso de confidencialidade acordado entre as partes. Mas o NJ sabe que o negócio envolve instituições que não fazem parte da lista dos quinze maiores bancos em activos do sistema financeiro.
Os interlocutores revelaram também que todo o processo, tanto judicial como o acordo com um dos bancos, ficará concluído entre Maio a Junho do ano em curso, lembrando que a entrega do património do banco aos accionistas depende do BNA, podendo acontecer ainda em Maio.
A Unidade de negócios Xikila Money do Banco Postal foi a que mais interesse de aquisição despertou no mercado, estando quatro grandes bancos do sistema financeiro nacional na corrida.
Tratam-se do Banco de Fomento Angola (BFA), Banco Angolano de Investimentos (BAI), Standard Bank Angola (SBA) e do Banco Millennium Atlântico (BMA), de acordo com informações obtidas pelo Novo Jornal.
Mas os accionistas, segundo sabe o jornal, não estão interessados em vender a referida unidade às entidades bancárias citadas. “Eles dizem, unicamente, que não estão interessados em vender o Xikila Money. Afirmam que comprar o Xikila Money está fora de questão”, garantiu a fonte de um dos bancos interessados.
Já as fontes próximas aos accionistas do banco que o BNA decretou falência, no mês passado, consideram que a possibilidade de a unidade de negócio Xikila Money do Banco Postal regressar a operar no mercado sob licença de um dos quatro bancos mencionados é quase nula.
Na altura do encerramento do banco, os clientes da Unidade Xikila Money eram mais de 300 mil, com a rede Paga Aqui implementada em 1.250 estabelecimentos comerciais e 395 agentes, tudo isto está parado.
“Nenhum banco a operar no país neste segmento conseguiu crescer em dois anos o que nós crescemos. Tínhamos 320 mil clientes e processávamos diariamente mais de 11.500 transacções. Isto resultou da nossa proximidade com os clientes, sem grandes formalismos e sem necessidade de se deslocarem aos balcões onde nem sempre são bem atendidos”, sentenciou um membro do conselho de administração do banco encerrado.
Em Janeiro, o banco central justificou a revogação da licença do Banco Postal pelo facto de a entidade não ter reunido “requisito legal” de capital social mínimo de 7,5 mil milhões Kz à data limite. O prazo de reforço do capital era até 31 de Dezembro último.
