EUA - O Sábado 23 de Fevereiro de 2019, poderá marcar ou não na Venezuela, um capítulo novo nas ambições belicistas de Donald J. Trump, o Presidente americano em esteroides.

Fonte: Club-k.net

A Venezuela vive uma crise existencial, nunca vivida antes. A nação mais rica da América do Sul, com maiores reservas de petróleo comprovadas do que a Angola, Noruega ou a Arábia Saudita, foi transformada em um estado falido. Sua democracia encontra-se subvertida, seus militares e policiais foram corrompidos, seu dinheiro sem valor e seu povo incapaz de receber necessidades básicas.


Essa narrativa, aparentemente, constitui a razão fundamental do Tio Sam e a União Europeia, aparecerem como anjos do bem, com toneladas de ajuda humanitária nas fronteira deste país, quando na verdade uma concertação politica, com seu envolvimento, poderia ter avertido este cenário devastador que hoje se vive na Venezuela.


Diga-se, e sem circunlóquios, que a Venezuela costumava, como o Zimbabwe, produzir exportações, oferecer uma vida do primeiro mundo. Caracas, sua capital, era o orgulho dos venezuelanos. Tristemente, sua única exportação hoje, é o seu povo, que já é parte dos 68 milhões de refugiados no Mundo. Um Mundo que depois da Segunda Grande Guerra Mundial, só contava com apenas 11 milhões de refugiados.


Dizia meu professor de Economia Politica, quando eu era estudante universitário em Londres, que é assim que o socialismo sempre funciona em todos os lugares onde é tentado. Nasce com todos indicadores de sucesso, e depois vem colapso total das instituições, isto porque a convivência entre o capitalismo selvagem e o socialismo, nunca será saudável e sempre vai precipitar o dia da convergência.


Fique claro que, o reconhecimento da Oposição venezuelana como governo, dificilmente produzirá uma democracia estável. Nunca vi democracia depois de uma revolução. O caso do Chile que depois do golpe de 1973, viveu 17 anos de ditadura, pode ser o exemplo.


O que nos levou a analisar e acompanhar esta novela venezuelana, que tem todo sabor de um coquetel de mistura do - Chavismo e Madurismo – é que em um briefing privado em julho de 2017 com funcionários de inteligência, o presidente Donald Trump aparentemente perguntou por que os EUA não estavam em guerra com a Venezuela, observando que "eles têm todo esse petróleo e estão bem na nossa porta dos fundos". Esta revelação aparece no livro dos Ex Diretor Adjunto do FBI, Andrew McCabe. Para aqueles que acham que os EUA e a UE, são anjos, aqui esta o veneno, e a razão do por que o presidente americano se concentrou tão intensamente em derrubar o ditador do país, Nicolás Maduro,

Façamos um percurso breve pelas avenidas, e labirintos da intervenção estrangeira na América Latina, como sendo um dos temas mais recorrentes destes povos que sempre viveu de intervenção estrangeira. Como a África, a Índia e o Oriente Médio, a América Latina tem uma longa história de interferência de potências estrangeiras, todas europeias e norte-americanas. Essas intervenções moldaram profundamente o caráter e a história da região.


Aqui estão algumas dos mais importantes conquistas e aventuras:

Entre 1492 e 1550, quando a maioria dos domínios nativos foi colocada sob controlo estrangeiro, milhões morreram, povos e culturas inteiras foram exterminados, e a riqueza obtida no Novo Mundo impulsionou a Espanha e Portugal para as eras de ouro. Em 100 anos da Primeira Viagem de Colombo, a maior parte do Novo Mundo, estava sob o domínio dessas duas potências europeias.


Depois surgiu a era da Pirataria com a Espanha e Portugal cada vez mais ostentando sua nova riqueza na Europa, e assim outros países queriam participar da ação. Em particular, ingleses, franceses e holandeses vendo o sucesso de Portugal e Espanha, tentaram capturar valiosas colônias espanholas e saquear para si mesmas. Durante os tempos de guerra, os piratas tinham licença oficial para atacar navios estrangeiros e roubá-los: esses homens eram chamados de corsários. A Era da Pirataria deixou marcas profundas nos portos do Caribe e do litoral em todo o Novo Mundo como era conhecido.


Já para os amantes da história politica como eu, 1823, tornou-se no ano da viragem, ano em que o presidente americano James Monroe ao publicar a Doutrina Monroe, que basicamente se tornou em um aviso para a Europa ficar de fora do hemisfério ocidental, ele consegue assim manter a Europa à distância, abrindo assim as portas para a intervenção americana no negócio de seus vizinhos menores.


A intervenção francesa no México, não tardou. Logo após a desastrosa "Guerra da Reforma" de 1857 a 1861, o México não pôde pagar suas dívidas externas. A França, Grã-Bretanha e Espanha, todos enviaram forças para coletar, mas algumas negociações frenéticas fizeram com que os britânicos e espanhóis enviassem suas tropas. Os franceses, no entanto, ficaram e capturaram a Cidade do México. A famosa Batalha de Puebla, lembrada em 5 de maio, ocorreu neste momento. Os franceses encontraram um nobre, de nome Maximiliano da Áustria, e o fizeram imperador do México em 1863. Em 1867, as forças mexicanas leais ao presidente Benito Juárez retomaram a cidade e executaram Maximiliano.


Quando ao presidente Roosevelt e à Doutrina Monroe, ficou plasmado durante seu governo que devido em parte à intervenção francesa e também a uma incursão alemã na Venezuela em 1901- 1902, Theodore Roosevelt precisou levar a doutrina de Monroe um passo adiante. Basicamente, ele reiterou a advertência às potências europeias para se manterem fora, mas também disse que os Estados Unidos seriam responsáveis ​​por toda a América Latina. Isso muitas vezes levou os Estados Unidos a enviar tropas para países que não podiam pagar suas dívidas, como Cuba, Haiti, República Dominicana e Nicarágua, todas ocupadas pelo menos parcialmente pelos EUA entre 1906 e 1934.


Já durante a era da guerra fria, o slogan do ocidente era travar a propagação do comunismo. Quando o medo de espalhar o comunismo tomou conta dos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial, os EUA passaram a intervir na América Latina em favor de ditadores conservadores. Um exemplo famoso ocorreu na Guatemala em 1954, quando a CIA depôs o presidente de esquerda Jacobo Arbenz do poder por ameaçar nacionalizar algumas terras da United Fruit Company, que era de propriedade dos americanos. A CIA tentaria mais tarde assassinar o líder comunista cubano Fidel Castro, além de montar a infame invasão da Baía dos Porcos. Há muitos outros exemplos, numerosos demais que poderíamos listar aqui.


Mas o caso dos EUA e o Haiti que ainda nestes dias se encontra em turbulência por causa da instabilidade fruto da corrupção, mal governação e interferência externa parece ser outra novela concebida no laboratório imperialista da Casa Branca.


Hoje, constatamos que os EUA e o Haiti têm uma relação complicada que remonta ao tempo em que ambas eram colônias da Inglaterra e da França, respetivamente. O Haiti sempre foi uma nação problemática, vulnerável à manipulação pelo poderoso país vizinho não muito longe ao norte. De 1915 a 1934, os EUA ocuparam o Haiti, temendo a agitação política. Os Estados Unidos enviaram forças para o Haiti em 2004, com o objetivo de estabilizar a nação volátil após uma eleição contestada. Ultimamente, o relacionamento melhorou, com os EUA enviando ajuda humanitária ao Haiti após o destrutivo terremoto de 2010.


Vejamos então como anda a intervenção estrangeira na América Latina hoje. Os tempos mudaram, mas as potências estrangeiras ainda estão muito ativas em se intrometer nos assuntos da América Latina. A França ainda possui uma colônia a (Guiana Francesa) na América do Sul continental e os Estados Unidos e a Grã-Bretanha ainda controlam ilhas no Caribe. Muitas pessoas acreditavam que a CIA estava ativamente tentando minar o governo de Hugo Chávez na Venezuela, o próprio Chávez certamente pensava assim.


Por isso e com razão que os latino-americanos ressentem-se de serem intimidados por potências estrangeiras. O seu desafio aos Estados Unidos já fez heróis folclóricos como Chávez e Castro. A menos que a América Latina ganhe considerável poder econômico, político e militar, as coisas não parecem mudar muito no curto prazo.
Para sábado dia 23 de Fevereiro de 2019, a oposição do pais que já é governo de sombra, reconhecido pela Casa Branca e UE, convidou um milhão de venezuelanos para enfrentar os militares nas fronteiras a deixarem a ajuda humanitária entrar no país. Seria bom para a democracia mundial, que este dia não figurasse nos anais da história moderna, como o dia da convergência e do início da intervenção americana na Venezuela.