Namibe – O Agrupamento no 104, é o primeiro agrupamento a ser fundado na Região do Namibe (Província do Namibe) aos 01 de Janeiro de 1999 na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima (Comuna do Forte Santa Rita) a pedido do Padre Jonas Tchimbungo, na altura com o nome de “Os escuteiros do Forte”.

Fonte: Club-k.net

Foi à 20 anos atrás, após o desmembramento do grupo de escuteiros que havia na altura por alguns desentendimentos e pelo facto dos mesmos serem escuteiros oriundos de algumas paróquias da diocese, um grupo de sete (07) caminheiros lançam a semente do escutismo na comuna do Forte (Paroquia de Nossa Senhora de Fatima). Além disso, a ideia começou no dia 28 de Outubro de 1998 a pedido do Padre Jonas para que se fundasse o movimento na paróquia, mas só foi possível definir tudo no dia 01 de Janeiro de 1999 após a missa no forte onde o grupo de escuteiros protegeu a missa.

E a mesma reunião teve lugar no quintal do senhor Nicolau, onde o seu falecido filho Alfredo Nicolau tomou a palavra para que a reunião começasse, foi neste dia onde os fundadores traçaram as metas, tiveram de cooptar as duas irmãs Elsa e Ema Kalandula porque um agrupamento não pode ser dirigido por caminheiros, onde decidiram abrir as suas portas aos candidatos a escuteiro oficialmente no dia 06 de Março deste mesmo ano numa tarde de sol (...). Nesta altura a região tinha como coordenadora regional a chefe Umbelina Almeida, após a ida definitiva do chefe Vasco de Almeida ao Lubango.

Além disso, muitas pessoas da maior parte dos munícipes da comuna do Forte, familiares dos fundadores e estudantes do Complexo Escolar São João Paulo II aderiram à Promessa e à Lei do escuteiro entre os meses de Março de 1999 à Fevereiro de 2000 numa formação de 141 jovens e adultos para a integração na Associação de Escuteiros de Angola. Onde na qual somente 133 chegaram a recta final culminando com as primeiras cerimónias de promessas do Agrupamento no 104 da Associação de Escuteiros de Angola, aos 05 de Março de 2000 na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima- Forte Santa Rita. Foi neste dia que a Junta Regional da Huila se fez presente novamente, na pessoa do seu chefe regional na altura o senhor Agostinho Manuel da Silva actual docente na Escola Superior Politécnica do Namibe, que foi o mestre cerimónia acompanhado com três escuteiros, um Júnior de nome Vlad, dois seniores a falecida Irina e o Délcio que foram os portadores das bandeiras do movimento e da república.

Por esta razão, neste dia histórico era visível a alegria e o entusiasmo dos fundadores, da comunidade religiosa, convidados, dos primeiros escuteiros neste agrupamento, bem como dos fundadores pelo semblante de alegria com o sentimento de satisfação, do dever, e da missão cumprida.

Além disso, a maior barreira vivida naquela altura foi no que consistia na aquisição de uniformes bem como de outros materiais, onde durante a formação ministraram vários temas e outros de carácter importante que na qual cito os seguintes:

1. O Scout- Divisa – Saudação – Lei e Princípios
2. A Organização do Movimento Escutista (Composição das Secções)
3. A Vida do Fundador
4. Alfabetos (Operativo; Morse e Outros)
5. Orientação pelo Sol – Bússola e Leitura de Cartas
6. Finalidade Educativa do Escutismo
7. Pedagogia do Escutismo (O Escutismo e os Santos Padroeiros)
8. Pedagogia da Fé
9. Sinais de Pista
10. A Utilidade da Vara (Tipos de Exercícios C/ Vara)

Além disso, o agrupamento realizou várias actividades típicas relacionadas ao escutismo, bem como outras não relacionadas. E durante estes anos foram realizados 16 cerimónias de saltos e passagem de corda, 11 cerimónias de promessas e um curso de guias. Novamente, desde a sua fundação seis (6) dirigentes passaram por este agrupamento como chefe de agrupamento, Elsa Domingas Kalandula, Armindo André Ferreira, Helder Francisco Morais Domingos, Josias Fernando Mande, Pedro Fina H. Cambandi, Ernesto Sapalo Luís e o actual é o autor deste artigo.

Neste dia 05 de Março de 2019 celebra-se o Vigésimo Aniversário das primeiras promessas do Agrupamento no 104 desde a sua fundação. Sendo assim, vamos todos nós escuteiros e dirigentes do agrupamento neste dia especial prestar o nosso grande tributo a “Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, Rui Luís Falcão Pinto de Andrade, Vasco de Almeida, Umbelina Ferreira Almeida, Padre Juliano Kandongo, e Padre Jonas Tchimbungo”. Além disso, não se esquecendo dos primeiros escuteiros do Forte, dos fundadores do agrupamento, “Alexandrino Sérgio Cambinda, Samuel Ido Tchali (Caminheiro Dudo), Eduardo Miguel Catimba, Helder Morais F. Domingos, Mery Wini Bento Filipe, Norberto Bula Nicolau, e Rosa Cecília Chimuco João”, bem como aos escuteiros actuais e todos aqueles que apoiaram moral, financeiramente, deram a sua vida, e sacrificaram o seu emprego em prol do agrupamento nos seus momentos bons e mais necrotérios desde a sua fundação até os dias de hoje (...).

No entanto, apesar de ser um agrupamento como outros que fazem parte da AEA, nem tudo foi um mar de rosas, porque também tivemos tempos difíceis, como a crise de 3 anos entre 2004 a 2006 que quase levou o agrupamento a extinção, perda de escuteiros por doença, acidente, afogamento, esfaqueamento e assassinato. Alem disso, o Agrupamento n.o 104 só foi reconhecido oficialmente como agrupamento em 2002, pela Junta Central na Ordem de Serviço Nacional n.o 44/02, onde recebe o número de 104.

Portanto, se quisermos que o 104 se afirma como agrupamento de acordo com os desafios actual do escutismo, e conforme as recomendações da Organização Mundial do Movimento Escutista (O.M.M.E), e o Plano Estratégico Nacional da Associação de Escuteiros de Angola (A.E.A) 2017-2020, devemos todos lutar para o seu engrandecimento a nível local, regional e nacional. E hoje o Agrupamento no 104 conta com 149 escuteiros, 17 dirigentes perfazendo um total de 166 membros no activo.

Em conclusão, a comuna do Forte Santa Rita só tem um único agrupamento que pratica escutismo, mais de 1815 pessoas, crianças, adolescentes, jovens incluindo adultos a nível da provincia e de outras, já passaram por este agrupamento como lobito, escuteiro (a) e dirigente. Termino por dizer que “Cumpre o teu dever mesmo que seja desagradável ou que ninguém dê por isso.”, (Baden Powell).

“Bravura Somos e Nunca Andaremos Sozinhos”

*Londaka Sangangula é licenciado em Linguistica Inglês, chefe escuteiro, escritor, investigador e autodidacta desde 2009.