Luanda - A empresa que detém 31% das acções do Banco Económico, a Lektron Capital, ainda não pagou o empréstimo de 125 milhões de dólares que recebeu da Sonangol em 2014, montante que transformou aquela instituição em segunda maior accionista do sexto maior banco em activos da banca angolana, revelou o presidente do conselho de Administração da petrolífera, Carlos Saturnino, quando respondia a uma pergunta feita pelo Novo Jornal durante a conferência de imprensa alusiva ao 43º aniversário da Sonangol.

Fonte: Novo Jornal

“Caros senhores, são assuntos muito sérios, vamos dar dados reais para se evitarem especulações que normalmente acontecem”, declarou Carlos Saturnino. Tendo dito posteriormente que o acordo entre as partes tem um conjunto de cláusulas, responsabilidades e deveres para cada um dos lados.


Segundo o PCA da Sonangol, a Lektron Capital não cumpriu os prazos de reembolso da dívida de 125 milhões de dólares contraída em 2014, sendo que neste momento a petrolífera continua a insistir na cobrança do ‘calote’ com o objectivo de se chegar, de forma amigável, a um acordo.


Carlos Saturnino explicou também que tal financiamento foi autorizado pelo accionista Estado, e que o mesmo ocorreu ao abrigo da Lei do Fo- mento Empresarial.


O grupo Lektron Capital, de acordo com vários meios de comunicação social, é uma sociedade de investidores chineses próximos ao general Hélder Manuel Vieira Dias «Kopelipa», antigo chefe da Casa Militar do então Presidente da República, José Eduardo dos Santos.


O responsável máximo da petrolífera detida pelo Estado recordou, no certame, que a empresa Geni Novas Tecnologias, outra devedora da Sonangol, que tem como principal accionista o general Leopoldino Nascimento «Dino», recebeu mais de 53 milhões de dólares , montante que serviu para a aquisição de 19,9% do capital do Banco Económico, e que já pagou, com atraso, 5 mil milhões de kwanzas da dívida, com juros incluídos, equivalente a 30 milhões de dólares.


“Foi este conselho de administração, produto dos trabalhos de auditoria para diminuir as reservas que normalmente temos nos nossos relatórios e contas, que interpelou essas duas entidades em 2018, no sentido de alertar que os prazos [de pagamento dos empréstimos] deveriam ter sido cumpridos, não o foram, e que era necessário chegar a um entendimento para que essas responsabilidades fossem naturalmente assumidas”, assegurou o gestor.

No conjunto, em 2014, a Lektron Capital e a Geni Novas Tecnologias receberam da maior empresa do país 178 milhões de dólares para entrarem no capital do Banco Económico.

O banco que resultou do anterior Banco Espírito Santo Angola (BESA) é controlado, maioritariamente em 39,4% do capital social, pela Sonangol, mas através de três diferentes empresas do grupo, designadamente a Sonangol EP (16%), a Sonangol Vida (16%) e a Sonangol Holding (7,4%).


Os outros 9,7% são do Novo Banco de Portugal, para além das participações da Lektron e da Geni.