Luanda - Assinala-se hoje, 06 de Março, 26 anos sobre os «55 dias da guerra do Huambo» que opôs as forças do Governo às da UNITA pela tomada da cidade capital do planalto central.

Fonte: Facebook

Foi, sem dúvidas, um dos capítulos mais sangrentos na guerra urbana angolana que se seguiu às eleições de 1992, na qual morreram milhares de pessoas, outros tantas ficaram feridas e a cidade ficou quase que reduzida aos escombros. Muitas da vítimas sucumbiram como resultado dos tiroteios, dos bombardeamentos da artilharia, aviação, à fome, de doenças, ou vítimas das perseguições políticas.


A «Guerra dos 55 dias», como ficou célebre e tristemente conhecida, surgiu depois do então líder da UNITA ter recusado os resultados eleitorais. A ambição desmedida pelo poder levou Jonas Savimbi a colocar em campo a sua máquina de guerra que se manteve praticamente intacta, depois do movimento de guerrilha abandonar as matas, no âmbito dos Acordos de Bicesse.


O último dia da guerra no Huambo ficaria tragicamente marcado pelo bombardeamento do Canhé em que a aviação governamental lançou bombas sobre o mercado do mesmo nome. Canhé era uma das praças mais concorridas situada na periferia da cidade, mais concretamente num terreno descampado à volta da igreja local.


No massacre, em que a carne humana misturou-se com a carne animal que se vendia no local, sucumbiram centenas de civis inocentes, cujo único «crime» terá sido à procura de meios de sobrevivência para contornar a fome que assolava a cidade.


Os últimos dias da guerra ficariam ainda assinalados pela perseguição impiedosa das forças da UNITA às caravanas de militares do MPLA e de milhares de civis que os acompanhavam na fuga desesperada da cidade. A saída das forças governamentais do Huambo não significou o fim da guerra, pois esta viria a ser alvo de bombardeamentos pontuais da sua aviação.


Durante o período de ocupação da cidade pela UNITA, várias pessoas foram perseguidas, presas, ou mesmo mortas pelo simples facto de terem trabalhado para o Governo, num gesto de retaliação que obrigou a uma intervenção da igreja católica no sentido de se por fim a tais práticas.


Vinte e seis anos depois da «guerra dos 55 dias», em que o único vencedor foi quem vendeu as armas, é caso para dizer: «GUERRA NUNCA MAIS!».