Luanda - As organizações juvenis dos partidos da oposição com assento no Parlamento defendem a indicação de um membro do Conselho da República que represente a juventude, por constituir a maioria da população angolana.

Fonte: JA


O desejo dos jovens da oposição foi manifestado ontem, em Luanda, pelo líder da organização juvenil da UNITA, Agostinho Kamuango, durante uma conferência de imprensa a que participaram igualmente homólogos da JPA (braço juvenil da CASA-CE), JPRS e JFNLA.

Agostinho Kamuango, que falou em nome dos líderes das organizações juvenis dos partidos da oposição, esclareceu que o membro a indicar como representante dos jovens no Conselho da República deve reunir consenso do Conselho Nacional de Juventude (CNJ).


Numa clara alusão ao facto de o Conselho da República ter um membro que representa a organização juvenil do partido no poder, Kamuango considerou que o representante da juventude não deve ser confundido com o mero privilégio partidário, como se tem assistido reiteradas vezes.


No encontro, os líderes juvenis da oposição exigiram do Executivo a aprovação de uma Lei sobre Políticas de Estado para a Juventude, com vista a se cumprir o disposto na Constituição da República e na Carta Africana da Juventude, da qual Angola é subscritora. “Não queremos políticas em forma de lei. Queremos uma lei para a salvaguarda dos direitos efectivos desta juventude sacrificada e explorada”, defendeu Agostinho Kamuango, para quem não se deve confundir a política de Estado com a Lei sobre as Políticas de Estado.


“O que o Executivo angolano procura fazer - e de forma deliberada - é a inversão da pirâmide, para ludibriar a juventude”, acusou o líder da JURA, para quem isso é “algo inaceitável.”


Na ocasião, líderes juvenis dos partidos da oposição exigiram igualmente a liberdade incondicional de dezenas de jovens que se encontram detidos por alegadamente se terem manifestado contra a violação dos seus direitos, na província de Cabinda.


“Condenamos os actos de violação de direitos humanos a que estão submetidos os jovens angolanos, com realce para o caso recente de Cabinda onde dezenas de jovens estão detidos por se terem manifestado contra a violação dos seus direitos”, afirmam os jovens da oposição, na voz de Agostinho Kamuango.

Dia da juventude

Os líderes juvenis da UNITA, CASA-CE, PRS e FNLA manifestaram “total insatisfação” com a data dedicada à juventude angolana. Os jovens da oposição reafirmaram que não se revêem na data de 14 de Abril, que foi o dia em que tombou em combate o comandante Hoji-ya-Henda, patrono da JMPLA.


“Não é justo que o dia da morte (de Hoji-ya-Henda) seja considerado o dia da juventude angolana porque todas as organizações juvenis têm o seu patrono”, sustentou o líder da JURA, que falou em nome de todos os líderes juvenis da oposição.


Agostinho Kamuango apelou ao bom senso da JMPLA e do Conselho Nacional de Juventude (CNJ), enquanto plataforma que congrega várias sensibilidades juvenis para que se retome o diálogo e se encontre uma data consensual que represente a todos.


Para já, os líderes juvenis da oposição propõem o 4 de Outubro, data da fundação do CNJ, como a data mais consensual para celebrar o Dia Nacional da Juventude.


Durante a conferência de imprensa, o líder da JFNLA, Kiaku Samuek Kiala, anunciou, para os próximos dias, a realização de uma mesa redonda para a abordagem do assunto. Kiaku Kiala garantiu que vai ser feito um convite à JMPLA para que também faça parte da referida mesa redonda.