Luanda - A violência psicológica, seguida da sexual, lidera os tipos de violência doméstica, que nos últimos anos têm aumentado significativamente em Angola, atingindo sobretudo mulheres, anunciaram hoje as autoridades do país.

Fonte: Lusa


A informação foi hoje avançada à imprensa pela psicóloga clínica do Departamento de Crimes contra Pessoas do Serviço de Investigação Criminal (SIC), que hoje foi oradora numa palestra, organizada pelo gabinete de comunicação institucional do Ministério do Interior, sobre a violência doméstica.

 

Katssékya Samuel disse que mensalmente atende uma média de 80 casos para avaliação psicológica, número que revela preocupação.

 

"A situação da violência doméstica é extremamente preocupante", disse a técnica, salientando que a maior parte dos casos que observa resultam em algumas perturbações psicológicas, nomeadamente a depressão, stresse, ansiedade e abuso de substâncias alcoólicas, maioritariamente adolescentes abusadas sexualmente pelos pais.

 

Segundo Katssékya Samuel, a violência psicológica e a sexual são as principais queixas, não colocando de parte a física.

 

As mulheres são as principais vítimas, mas os homens também são atingidos por este fenómeno, acrescentou.

 

"No homem, infelizmente, ao longo da minha carreira como psicóloga, só atendi quatro ou cinco homens, o que não quer dizer que não sofram violência doméstica, mas a sua supremacia leva ao silêncio", disse.

 

O ciúme, motivado por um maior empoderamento da mulher, tem sido um dos principais fatores de violência doméstica, explicou ainda Katssékya Samuel.

 

Por sua vez, a chefe de departamento de assessoria e monitorização do Instituto Nacional da Criança (INAC), Ana Nginga dos Santos, disse que os crimes de violência doméstica contra menores tem estado a aumentar.

 

De acordo com Ana Nginga dos Santos, este ano já têm registados alguns casos, que encaminharam para a polícia.

 

"Diariamente podemos receber de dois a três casos de violações sexuais contra menores, sendo a faixa etária mais atingida a da adolescência, entre os 12 e 14 anos, havendo igualmente casos de mais tenra idade", adiantou a responsável.

 

Já o diretor do gabinete de comunicação institucional do Ministério do Interior, Waldemar José, disse que tem sido verificado, essencialmente no seio das forças daquele órgão do Estado angolano, a falta de prestação de alimentos.

 

"Especialmente da parte masculina, quando há rutura numa relação, temos vindo a verificar que alguns pais, paralelamente à rutura, abandonam aquilo que são as suas obrigações, deixam de prestar alimentos", referiu Waldemar José, resumindo que há o abandono familiar, à luz da lei considerado crime de violência doméstica.

 

A divisão de herança e a crença no feiticismo foram igualmente apontadas como causas de violência doméstica, com o registo crescente destes casos em Angola.