Luanda - O ministro angolano da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiróz, anunciou que o Governo vai aprovar medidas para "reparar os danos morais por atropelos aos direitos humanos", incluindo as vítimas da "tentativa de golpe de Estado de 27 de Maio de 1977".
Fonte: VOA
Ao falar a partir de Genebra, onde, recentemente, participou em mais uma sessão do Comité para os Direitos Humanos das Nações Unidas, o ministro assegurou que este mecanismo "não tem uma visão restritiva" e abrange "massacres e violências verificadas no período da guerra civil", que se prolongaram entre 1975 e 2002 os “défices de governação” e ainda nos casos em "que não foi observado o princípio do contraditório ou nem sequer houve processos" e foram "lesados os direitos das pessoas".
Sobre o alcance do ressarcimento das vítimas dos acontecimentos do 27 de Maio e seus familiares, o governante angolano salientou que "há dois lados": "a tentativa de golpe de Estado, que é condenável", e a resposta a essa tentativa".
Em ambos, Francisco Queiróz reconheceu a existência de "excessos, execuções e perseguições que se prolongaram no tempo" e que "são também condenáveis".
Em reacção, o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala disse que a intenção “é importante se for concretizada na prática”, mas adverte que se o assunto for debatido de forma unilateral pelo Governo não terá o alcance desejado pelos angolanos.
A UNITA e o Governo do MPLA estiveram envolvidos na mais longa guerra civil pela disputa do poder em Angola que durou mais de 35 anos.
A opinião da UNITA é partilhada pelo líder da Fundação 27 de Maio, general na reforma, Silva Mateus, que também reclama o seu envolvimento no debate e defende o enterro oficial das vítimas dos massacres antes da tomada de quaisquer medidas de ressarcimentos às famílias.