Luanda - Os portos sempre estiveram no centro da actividade económica, sempre exerceram um papel fundamental para o crescimento e desenvolvimento da região em que estão inseridos. Os portos, mais do que locais de carga e descarga de mercadorias, são um motor para o desenvolvimento econômico, através do emprego, salários, rendas e lucros bem como impostos.

Fonte: Club-k.net

Os portos enquanto motores do desenvolvimento econômico regional e mesmo nacional, geram milhares de empregos à operadores portuários, administrações portuárias, utilizadores dos portos, tais como carregadores e transportadores marítimos e terrestres, e outros prestadores de serviços, agentes de navegação, reparação naval, pilotagem, reboque, etc, mas a questão que colocamos é: Tem o Porto de Luanda desempenhado o seu papel na plenitude?

 

Um relatório da inspecção geral do estado ao porto de luanda, aponta que apesar do momento menos bom que a economia do país atravessa, com a dificuldade que os importadores têm de pagar os seus produtos, o porto de luanda e consequentemente, os terminais que formam o porto de luanda movimentou cerca de 3.179.898 de toneladas em 2018, menos 783.198 em comparação ao período homólogo, uma redução de 20%. Não obstante, a eficiência da gestão da empresa portuária, não acompanha esse crescimento ou resiliência dos terminais. Os auditores da inspecção verificaram que a percepção negativa do setor portuário angolano, com particular destaque para o porto de luanda, está ligada a ineficiência, a falta de liderança e a construção de um plano estratégico que leve o porto para o próximo nivel, e essa ineficiência dos gestores do maior porto de angola, resulta em aumento de tempo e de custo para importadores e exportadores que usam o porto.

 

Por conta dessas avaliações, os auditores da inspeção foram a campo e constataram graves irregularidades da empresa portuária pública de luanda, que se traduz num nível de insatisfação altíssimo, no seio dos trabalhadores.

 

Um dos grandes aspectos constatados pelos auditores, é o nivel de ociosidade que se assiste no porto de luanda, resultado da falta de estratégias dos gestores públicos. Há muitos colaboradores sem ter o que fazer todos os dias e há muitos anos, “e é mais curioso que isso aconteça mesmo tendo um presidente do conselho de administração que passou por todos os escalões da empresa, como tal, é alguém que conhece as deficiências da empresa e as actividades descontinuadas com a transferencia de gestão dos terminais para a iniciativa privada”.

 

Os números de produção obtidos pelos terminais, estão atrelados a um conjunto de factores; desde a necessidade crescente de consumo das populações, a disponibilidade em moeda estrangeira para pagamentos das importações e infraestrutura. Queremos com isso dizer, que um ano de alta ou baixa produtividade dos terminais, em nada define a capacidade dos gestores do porto de luanda por que esses não interferem nesses aspectos.

 

À análise a capacidade de gestão dos gestores do porto de luanda, é necessário que se faça de forma isolada, ou seja, que se olhe apenas para empresa porto de luanda, e assim sendo, a empresa porto de luanda é uma empresa ineficiente.

 

O modelo de administração usado hoje na empresa porto de luanda, é um modelo em falência por que não proporciona os resultados desejados e como tal, não é um bom ativo para o estado, como maior acionista.

 

Assistimos a nomeação do novo conselho de administração do porto de luanda que já conta com alguns anos, com alguma expectativa, por que se rompia assim uma era de gestão com ideias ultrapassadas e com pouca formação técnica, para jovens que além de serem conhecedores da casa, reuniam um nível de conhecimento académico mais ambicioso, mas a realidade é que pouco ou nada essa administração de jovens trouxe para o porto de luanda ou para o país. Talvez sejá um problema generalizado por que assistimos essa tendencia em todas as empresas públicas, onde se mudam os rostos mas mantêm-se os níveis deficientes de gestão.

 

De acordo com o levantamento feito pelos auditores, apontam que as dificuldades financeiras do porto de luanda e a dificuldade de realização de investimentos necessários para garantir um bom nível de eficiência da empresa, se deve em parte a partilha “colegiada” de uns poucos, que é feita das receitas da empresa.

 

De uma análise minuciosa às contas da empresa publica portuária, se destacam mais os valores altíssimos para compra de viaturas top de gama e de viagens com ajuda de custos no exterior, alegadamente para formação, e o mais curioso é que essas formações nada ou pouco têm trazido para empresa, para além do seu alto dispêndio.

 

O Porto de Luanda, outrora a “joia da economia colonial”, está hoje relegada a uma posição secundária, muito por culpa da falta de visão, estratégia e aptidões dos seus gestores.

 

No porto de luanda tem faltado um pouco de tudo, desde visão, liderança e autoridade. Se não fosse por conta dos terminais, o porto de luanda decerto já tinha encerrado as portas ou como outras empresas do estado, atirada ao sucateamento.

 

A título de exemplo, o pelouro da administração comercial, que é o que norteia o porto de luanda por se tratar da área que está intrinsecamente ligada ao seu negócio e como tal a entrada de receitas, é das áreas mais desorganizadas e ineficientes do porto de luanda. Desde a entrada de documentos na secção de verificação à taxação. É um nível de desconhecimento e inaptidão descomunal evidenciada pelos técnicos, que parece passar despercebida ao seu administrador do pelouro, por desatenção, descaso ou incapacidade de lidar com tal desafio ou outra coisa que nós escapa.

 

As reformas prometidas pelo actual administrador na direcção Comercial com a mudança de liderança, tardam a acontecer, por que a aposta mostra-se hoje desastrosa, impulsiva e irresponsável, que no final do dia tem um único culpado, o administrador, o gestor que lhe foi incumbida a tarefa de levar o porto para o próximo nível.

 

A área técnica, uma área obsoleta e sem razão de existir por que terceriza tudo que lhe é solicitado, há muito que deveria ser descontinuada aquando ainda de reforma do porto, que deixou de ser um porto gestor dos terminais, para entregar essa actividade para a iniciativa privada, como tal, muitas das responsabilidades da área técnica do porto de luanda, se perderam com a mudança do modelo de gestão, e hoje se transformou apenas num canal de retirada de dinheiro da empresa portuária, tendo como estratega o administrador da referida área, que vai tendo como fiel escudeiro o seu director que apesar de demonstrar inaptidão para o cargo com as suas dificuldades de relacionamento interpessoal e projectos desajustados com a realidade portuária hoje, denota forte apetência para benesses inexplicadas.

 

A área de gestão de pessoas é tudo menos uma “gestão à aplicação de um conjunto de conhecimentos e técnicas administrativas especializadas na gestão das relações das pessoas com as organizações, com o objectivo de atingir os objectivos organizacionais, bem como proporcionar a satisfação e a realização das pessoas envolvidas”.

 

A gestão de recursos humanos deveria ser uma área estratégica da empresa porto de luanda, com a missão de fazer com que a organização e o colaborador alcançassem os seus objectivos e mantivessem uma relação trabalhadora vantajosa mas isso é só o que os manuais dizem por que no Porto de Luanda, gestão de pessoas é só pagar salários, marcar ferias e faltas, mais do que isso é maior do que a sua capacidade.

 

A Direcção de segurança, é um conjunto de reformados da antiga segurança de estado, com uma actuação que se justificava na altura em que se recorreu ao auxilio desses para organizar o porto, alvo de constantes pilhagens mas que hoje, mais do que ajudar, só atrapalham o potencial e normal funcionamento da actividade portuária, devido ao seu baixo nível de instrução relativamente aos desafios da actividade portuária moderna.

 

A área financeira, um “acessório” na orgânica da empresa e canal de retirada de dinheiro público, por que tudo o que faz, recorre ao auxilio de assessores estrangeiros, pagos a peso de ouro, não conseguiu até hoje desenvolver uma estratégia eficiente de controle de pagamentos, e recebimentos interligada com todos os intervenientes da cadeia portuária. Volta e meia tudo para na empresa, não se consegue efectuar pagamentos ou emissão de recibos, criando inúmeros transtornos para os clientes, que não conseguem retirar as suas mercadorias e ainda têm de lidar com custos de sobre-estadia(Importância paga ao armador no caso de atraso no carregamento ou descarregamento do navio).

 

A Direcção de tecnologia de informação, é um conjunto de “engenheiros informáticos” que só servem para abrir conta de e-mail.

 

Em suma, o Porto de Luanda não é uma empresa, ou pelo menos não é gerido como tal. O porto de luanda é uma oportunidade de mudança de vida ou assim é encarado pelos seus gestores, uma oportunidade de enrequicimento, e que no processo é promovido um modelo de gestão promíscuo, de intrigas, coscuvilhice, retaliações e assédio.

 

É urgente que o estado coloque a mão nesse seu activo, que colo que pessoas capazes nos seus desígnios, que trace um plano de gestão que transcenda os conselhos de administrações, um plano a seguir por todos aqueles que vierem depois, eficaz e eficiente e que se traduza em receitas para o estado e desenvolvimento para a região por que de contrario, como está, o Porto de Luanda é um foguete apontado para baixo por que desperdiça todo o seu potencial e importância no desenvolvimento da economia da província e do país.


*O DESPACHANTE