Luanda - A amizade iniciou amenamente entre ambos. O primeiro apresentou-se como confidente e trouxera na bagagem pedras preciosas cujas oferendas encantaram os visitados.

Fonte: Club-k.net

Ora, tempo depois os galanteadores golpearam toda terra e proclamaram-na sua sem oposição nem resistência. Portanto, tornou-se o senhor de tudo isso.

 

Os oprimidos não tinham opção senão lutar contra o amigo do passado, agora rebelde.

 

Então uniu-se aos seus irmãos e juntos fizeram uma força que apesar de rudimentar, produziu bons frutos. Pois a luta foi tenaz e sangrenta, pereceram almas inocentes e sobreviveram no limite os melhores guerreiros.

 

Entretanto, o inimigo comum abandonou a terra e deixou-a sem levar nada. Pareciam que harmonia e a concórdia permaneceriam implicáveis entre irmãos.

 

Todavia, o irmão esqueceu-se deliberadamente da “ união da força e da victória de todos”. Assumiu-se proprietário exclusivo de tudo e de todos.

 

Como se podia esperar, instalou-se a desordem entre irmãos, pois mais vidas foram sacrificadas em nome da ambição umbilical.

 

O conflito perdurou algum tempo, teve um cessar-fogo relâmpago que mais tarde foi definitivo. Feridas saradas e paz reinante.

 

Entretanto, enquanto contemplavam-se efusivamente o sossego das armas e o renascer da esperança, o irmão e o seu grupo transportavam toda roupa suja para casa daquele amigo do pretérito.

 

Este com o seu silêncio cúmplice, nada fazia. No entanto, reclamou de uma camisa suja, pena é que quase custou-lhe a vida e o poder, amizade quase desabou. Por isso preferiu a mudez. Portanto “ o silêncio é sabedoria”.

 

Os resultados excelentes imediatamente surgiram entre os amigos e inimigos do passado belo ruim, renasceu amizade, há visitas reciprocas e euforia inocente de ambos povos.

 

Todavia, a roupa suja que foi depositada sem tabu na casa daquele outro amigo, ninguém tem mais ousadia de procurar ou retornar a lavandaria do amigo de cá. Logo perdeu-se o foco de inquirir nem os de cá, tão pouco os de lá. A roupa suja está bem limpa, guardada e tem dono, os intocáveis!

 

Domingos Chipilica Eduardo