Luanda - Bom uso (oportuno) do contraditório no jornal das 20h de hoje na RNA. Gostei da forma oportuna como um jornalista da RNA narrou hoje, em directo, no jornal das 20h da RNA, um tumulto que aconteceu no Rocha Pinto, entre a Polícia e cidadãos revoltados, que terá derivado de um assassinato à queima-roupa - mais um na governação do MPLA! - de uma senhora zungueira, por esta (a assassinada) ter tentado tirar os seus pertences da viatura da Polícia sem autorização, de acordo com relatos.

Fonte: Facebook

O jornalista em causa já nem precisava ouvir a versão da Polícia que já tinha sido feito, momentos antes, ao telefone, no mesmo local. Embora se tenha dado mais primazia à versão da PN, a reportagem da RNA valeu pelo uso do contraditório, mas pecou por ter sido ouvida apenas uma das alegadas testemunhas.


Era preciso que se ouvisse mais testemunhas para se fazer o devido cruzamento de raciocínio. Segundo a alegada testemunha, um agente da Polícia terá disparado à queima-roupa no rosto de uma zungueira, que morreu na hora, quando tentava tirar a sua bacia contendo os seus pertences de venda ambulante. O jovem, pelo que parece, diz que a Polícia matou mais cinco (5) cidadãos que se rebelaram contra a Polícia, devido ao eventual excesso de autoridade policial.


A RNA desempenhou um serviço público mais próximo ao que se espera de uma rádio pública. No entanto, os disparos de arma de fogo (de guerra) que se ouvia na reportagem fizeram-me crer que o povo angolano está mesmo saturado com o sistema governativo e a Polícia não está preparada para reagir a situações do género. O ex- comandante-geral Panda foi obrigado, só para lembrar, a pedir demissão, por ter tirado a vida a dois cidadãos, mas num acidente de viação! As mortes não foram premeditadas.


A minha pergunta agora é quem será obrigado a pedir demissão num caso em que se alveja mortalmente, premeditamente, uma cidadã angolana e possivelmente mais cinco (5) cidadãos, de acordo com a reportagem da RNA? Espero que a JUSTIÇA não continue selectiva. Alguém, ao mais alto nível da Polícia Nacional, deve ser responsabilizado pela morte (s) de cidadão (s) angolanos neste caso. Continuo a achar que a política de governação que está a ser implementada pelo actual Executivo não é a mais adequada para o momento em que vivemos e só vai levar o nosso país ao precipício. Não vê quem apenas defende vinganças cegas.

Carlos Alberto
12.03.2019