Luanda - O general na reserva Geraldo Sachipengo Nunda descartou ontem participação na gestão da cooperativa “Jango Yetu”, que assinou acordos com a Centennial Energy, detentora do cheque de 50 mil milhões de dólares.

Fonte: JA
“Na qualidade de presidente de Mesa da Assembleia Geral não lido com os aspectos administrativos e de gestão da cooperativa, mas tomo conhecimento dos actos de gestão através de relatórios apresentados na reunião da Assembleia Geral”, informou Sachipengo Nunda, ouvido ontem, pela primeira vez, como declarante, no Tribunal Supremo, após o ano passado ter prestado declarações como arguido, em instrução preparatória e contraditória.

O general na reserva, que na altura desempenhava a função de chefe do Estado-Maior General das FAA, referiu que, no processo de intenção de investimento dos tailandeses, “era mais importante valorizar os aspectos legais do que os técnicos”, acrescentando que a única diligência que efectuou foi de ter telefonado ao director do BNI, para informar o brigadeiro Arsénio sobre a validade ou não do cheque de 50 mil milhões de dólares apresentado pelos tailandeses como prova para o suposto investimento.

Nunda disse que quando se apercebeu que os aspectos legais para o investimento dos tailandeses não estavam salvaguardados, contactou imediatamente o então director da UTIP, Norberto Garcia, a quem pediu para legalizar todo o processo, já que era a instituição que detinha as regras para qualquer indivíduo ou grupo que pretendesse investir no país. O antigo chefe do EMG das FAA disse desconhecer os encargos assumidos pela cooperativa com a hospedagem dos tailandeses no país e desmentiu ter baixado orientações para que a ré Celeste de Brito se afastasse do projecto de investimento dos tailandeses.

O general Nunda confirmou que os acordos rubricados entre a cooperativa “Jango Yetu” e a Centennial Energy eram para a construção de residências para os militares e ex-militares. Mas referiu que o protocolo não foi concretizado por força do início do procedimento criminal contra os supostos investidores tailandeses.

Mais declarantes

O tribunal também ouviu ontem o secretário do Presidente da República para as Questões Económicas, Alcínio Isata Conceição, por ter reunido com o grupo de investidores tailandeses, sob orientação de Bornito de Sousa, e o empresário Aníbal Graciano Palhares Mesquita, que participou na sessão de apresentação dos tailandeses como observador. O vice-presidente do Conselho de Administração da “Jango Yetu”, Altino dos Santos, informou que na cooperativa era o elo entre a administração e a Assembleia Geral.

Altino dos Santos confirmou ter afastado a ré Celeste de Brito da cooperativa (e não do grupo dos tailandeses) por orientação do réu José Arsénio Manuel, presidente do Conselho de Administração da cooperativa.

O general Afonso Lopes Teixeira Garcia “Led” foi o último a ser ouvido ontem e atestou ter enviado uma carta ao Presidente da República a respeito do projecto de investimento dos tailandeses. Interrogado sobre o motivo, apenas respondeu: “ trabalho na Casa de Segurança do Presidente da República há 23 anos e quis apenas ajudar as estruturas das FAA na solução dos grandes problemas que atravessam, co-mo os habitacionais, tendo em conta o investimento em causa”.

O general Led disse que a carta mereceu resposta do Chefe de Estado, que logo orientou o ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, que os recebeu (ele, o grupo tailandês e o presidente da cooperativa) para tratar da questão. A sessão prossegue na segunda-feira.