Lisboa - Segundo a diretora adjunta de informação da Televisão Pública de Angola, Fernanda Manuel, a questão das ‘fakenews’ é “complicada e delicada” de lidar, sobretudo quando há uma “ânsia de publicar a informação em primeira mão”.

Fonte: Lusa/Jornal Económico

Órgãos de comunicação social angolanos consideraram esta segunda-feira que, “apesar de incontornáveis”, as falsas notícias, podem ser “acauteladas”, defendendo a “verificação e fundamentação contínua” das notícias que circulam, sobretudo nas redes sociais, antes da sua publicação.

 

Segundo a diretora adjunta de informação da Televisão Pública de Angola (TPA), Fernanda Manuel, a questão das ‘fakenews’ é “complicada e delicada” de lidar, sobretudo quando há uma “ânsia de publicar a informação em primeira mão”. Mas, observou, deve ser “preocupação constante” dos órgãos de informação verificar sempre toda e qualquer informação ao seu alcance, porque, referiu, as redes sociais “tomaram conta hoje do quotidiano das sociedades”.

 

“Há todo um cuidado que tem de haver em verificar tudo o que nos chega. Aqui, na TPA, nós, direção de informação, temos todo um cuidado para evitar lançar para o ar notícias que depois não são verdadeiras”, afirmou.

 

Em declarações à Lusa, Fernanda Manuel sublinhou que as cautelas na verificação das notícias “devem ser diárias”, considerando que “há sempre mecanismos” para verificar as informações que surgem sob pena de se ser “arrastado para situações complicadas”. “Tem de haver este cuidado, não há outra maneira de se evitar isso”, realçou. Segundo a diretora adjunta de informação da TPA, o órgão público agora redobra os cuidados na abordagem com as informações que circulam, pelo facto de também já ter divulgado notícias falsas.

 

“Acabamos por ser arrastados por uma situação que, depois, veio a revelar-se que não era exatamente assim como tínhamos noticiado. A partir daí, redobramos a nossa atenção nos cuidados que temos de ter em relação a tudo que nos chega”, sustentou.

 

Fernanda Manuel entende mesmo que, apesar de “inevitáveis”, sobretudo com a velocidade das redes sociais, as sociedades devem jogar um “papel primordial”, pois têm de ter também “o cuidado e a capacidade de filtrar” as ‘fakenews’ para evitar que haja um “pânico generalizado”.

 

Por seu lado, o chefe de redação da rádio Luanda Antena Comercial (LAC), Pedro Fernandes, que também já replicou uma falsa notícia, a temática das ‘fakenews’ “preocupa não apenas os jornalistas angolanos, mas grande parte das sociedades de muitos países”. “É uma matéria que está aí, que temos de lidar com ela. Sei que, em Angola, já há casos desses. Penso que deverá ser produzida matéria legislativa para acautelar que muitos de nós incorram na divulgação das ‘fakenews'”, disse.

 

Segundo o jornalista angolano, a LAC pauta-se pelo equilíbrio e os princípios elementares na elaboração da notícia, com a preocupação em cruzar sempre as fontes, no sentido de divulgar uma notícia fundamentada. “Com o recurso às plataformas digitais temos também de ter essa preocupação, uma vez que toda a notícia que é produzida e é difundida tem de estar devidamente fundamentada para não incorrermos em situações que possam macular a credibilidade da nossa informação”, argumentou.

 

Para Pedro Fernandes, pelo facto de as ‘fakenews’ serem “incontroláveis”, esta deve ser a razão para o devido cuidado e cautela para evitar que, face à velocidade da informação, os jornalistas angolanos “não sejam ingénuos”. “Temos de procurar que essa informação seja devidamente fundamentada de forma a que a notícia seja fundamentada”, justificou. “Eu próprio também já fui e já incorri numa situação de ‘fakenews’ naquele afã de querer dar a notícia e vi, mais tarde, que a notícia não correspondia à verdade”, admitiu.