Luanda - A língua humana é selvagem que pou-cos conseguem dominar, sobretudo quando se tem apetência a meios matérias e ou financeiros.


*Vice-presidente e PCA da Fundação 27 de Maio
Fonte: Jornal A Voz do Povo


ImageEstá sempre a esforçar-se por sair da jaula e, se não for domesticada, transformar-se-á numa fera causadora de problemas gra- ves e nefastos à uma sociedade que se quer no nosso caso concreto democrática e de direito (de facto e de jure). Os compatriotas que assim agem, não acumularão poder, porque atiram fora a riqueza das suas palavras, porque na verdade se tem mais poder, quando se fica de boca calada.


O poder é de várias maneiras, um jogo de aparência; e ao dizer menos do que o ne cessário, inevitavelmente parecerá maior mais poderoso do que é. O seu silêncio deixará as outras pessoas pouco à vontade. Os se-res humanos por essência são de interpretar e explicar; mas acima de tudo deve-se saber o que outro está a pensar e torna-se uma atitude compartilhada. Se controla cuidadosa-mente o que revela, não conseguirão pene-trar nas suas intenções ou nos seus pensa-mentos.


Dizer menos do que o necessário não é apenas para os reis e os estadistas, porque fica bem a todos e sobretudo quando se trata de matérias que dizem direito a todos angolanos. Pois, em quase todas áreas da vida humana, quando menos se diz, mais profundo e misterioso se parece.

 

Não é preciso ser técnico ou mestre de enigma para perceber o que o meu amigo o deputado, Sr. Quintino de Moreira que a tanto prezava, que várias vezes partilhamos ideias, sobre o fim da guerra por via de dia-logo, participando em várias manifestações de ruas, ao introduzir no seu ante projecto da Constituição da República o figurino da eleição do Presidente da República, por via indirecta (mãos levantadas), foi delegando por quem? Quando foi eleito obteve este mandato? Senão, é preciso reflectir com ho-nestidade intelectual, porque fazer jogo do adversário a partida é perigosíssimo…

 

Todos nós angolanos amantes de progres-so, justiça e liberdade e da democracia plena, apercebemo-nos, o que o Presidente do MPLA e da República Eng. José Eduardo dos Santos prendia (e), quando falou da existência de duas correntes de opinião, uma pugnava pela eleição do Presidente da República por via indirecta e outra por via directa pronunciamento que caiu em cima dos angolanos como terramoto. A sabermos que o monoparti-darismo é o maior inimigo da liberdade, jus-tiça, paz e progresso social, e ao retornar no nosso país será um desastre para todos os angolanos.


A dita corrente de opinião é liberdade, isolado pelo deputado Quintino de Moreira que em surdina apoiado por alguns membros da direcção do MPLA e os poucos que ousa- ram defender este pernicioso figurino à de-mocracia, estrategicamente recuaram, mas esse recuo esconde a verdadeira intenção porque vejamos:

O MPLA como sempre escondeu as suas macaquices e maquiavelismos. A história de separação de eleições legislativas e às presidenciais tendo como protagonista a proposta da malograda deputada Anália de Victória Pe-reira, que Deus a tenha, que estrategicamente aproveitada pelo MPLA.


O MPLA fez tudo a revelia da constitui-ção e das outras leis ordinárias, por forma a atingir o que pretendia como veio acontecer, e sem compensação, malograda levou consi-go o partido com extinção nos termos da lei…


Muito embora, a pretensão constante do ante-projecto apresentado pelo deputado Quintino de Moreira, não figurasse no ante-projecto apresentado pelo MPLA, mas estra-tegicamente, está a espera que o deputado Quintino de Moreira, apresenta esta matéria na altura da discussão deste ponto.


Os camaradas que são a maioria no parla-mento agendarão este ponto para a discussão e posteriormente levar a votação e como é lógico será aprovado esmagadoramente, então teremos um país preso ao capricho de um punhado de indivíduos que hipocritamente diz defender este sofrido povo, que não obs-tante ter a sua confiança, geme de fome, de miséria jamais visto em Angola antes e pós-independência.


Podemos aqui afirmar que esta estratégia triunfará, se de facto o povo não ganhar consciência de ser livre da escravatura, por um lado, e por outro, a sociedade civil e os partidos políticos, não unirem forças, despindo-se do protagonismo político individual, como hoje se verifica e acrescido com a escolha de uma personalidade idónea com morali-dade e espiritualmente centradas na pessoa humana, afim de liderar a comissão nacional eleitoral independente em substituição a da existente com carga política partidária, os desideratos da luta pela independência do país, jamais, serão alcançados, sujeitando as-sim o neocolonialismo já visível macrosco-picamente.


Para o meu amigo e deputado Quintino de Moreira, envio-lhe um recado de camara-dagem e de desencorajamento e reflexão profunda, porque este sofrido povo quer outra coisa contrária a que o ilustre deputado pretende alcançar!...


O meu amigo sabe, porque aprendeu com os guerrilheiros da 1ª região Político-Militar que viram-te a nascer, que em tempo pensava eu, ser um dos percursores daqueles que injustamente foram fuzilados sem culpas formadas. Como dizia, sabe que os nossos interesses pessoais não podem estar acima dos nossos, foi assim que aprendemos com os nossos ancestrais. Embora são raras as pessoas que resistem a um presente, mesmo vindo das mãos de inimigo mas ferrenho!


No nosso país e não só, estas costumam ser a maneira perfeita de desarmar as pessoas; um presente desperta em nós a mudan-ça, derrubando na mesma altura as nossas defesas; apesar de olharmos com descrença, o comportamento das outras pessoas, raramente vemos o elemento maquiavélico de um presente com frequência, escondendo segundas intenções; um presente é um objecto perfeito, para esconder uma atitude falsa.


Para terminar quero lhe lembrar o se-guinte: Espero com grande expectativa que não seja mesmo um peão do MPLA, como disse no Jornal de Angola, na qual com re-serva tentei em acreditar, tendo ainda em mente alguns feitos seus no período que atrás já referi.


Aos camaradas do MPLA, quero dirigir também algumas palavras:


Aos grandes homens que se dizem bas-tantes experientes na governação, devem apresentar obras, o que hoje estamos a assis- tir é a continuação da miséria e pobreza deste ainda inconsciente povo que não tarda em despertar e despertará.


Pois, o bode expiatório deve ser usado com extrema cautela, é cortina que se esconde do público o seu próprio envolvimento no trabalho sujo; se de repente, o pano sobe e se for visto como manipulador, o senhor dos fantoches, toda a dinâmica mudará de rumo, a sua mão será vista por toda a parte e será acusado de culpa do infortúnio.


Porque, logo que a verdade venha a superfície as coisas podem tomar proporções imprevisíveis e ao mesmo tempo incontorná-veis, pois, o exagero de mando pode ser prejudicial para o desenvolvimento do país.


Último recado ao meu amigo Quintino é, não deve aceitar o papel que lhe impingi, porque continuo acreditar piamente em si; se é verdade o que estamos ouvindo, volte a criar-se forjando nova identidade, seja sen- hor da sua própria imagem, eu sei que possue está capacidade renovadora, em vez de deixar que os outros a definam por si; se assim o proceder, garanto-lhe que o seu poder de argumentação encontrará mais eco no seio do povo e fornecer-se-á, e a sua personagem parecerá mais do que na realidade é…


A nossa sociedade está repleta de pessoas, com ideias ousadas que possam ajudar o país a ultrapassar determinados obstáculos que os homens de mal nos colocam para não atingirmos o bem-estar geral que sempre almejamos, que foi no essencial a bandeira da nossa luta anti-colonial, mas infelizmente esta casta de indivíduos despiram-se da cora- gem que ontem demonstraram perseguindo apenas o bem estar-individual, pois, são incapazes de imprimir e publicar o que sentem em relação ao estado da nação com tenências desumanas.


As forças de bem vencerão, porque Deus é justo e o povo angolano prosperá …Ah, quando o medo se transformar em determinação destemida, Angola vai sorrir e o neocolonialismo será varrido implacavelmente.