Luanda - É preciso criar uma nova âncora política de persuasão assente nos valores de modo que o povo acredite na mudança factual de paradigma pois que, paradoxalmente, cresce cada vez mais a dúvida sobre a possibilidade de Angola mudar de rota política no que concerne a melhoria de imagem mas, fundamentalmente, na transformação de atitude junto das instituições tendo em atenção a que deva mudar, inicialmente, a condição de vida material do povo com realce às populações carenciadas que de forma exponencial vão perdendo esperança e crença num país/Estado capaz de realizar os seus anseios já que mesmo em face da boa vontade política, exista sempre sempre quem queira colocar travão.

Fonte: Club-k.net
Mais do que olhar na ratio governação é importante pensar o povo para governar. O paradigma governar para pensar no povo era uma vez. Faz parte do passado bem como do início do período revolucionário em que se pensava, e aconteceu, remover a administração colonial mas, que forte condição, com que se persuadiu o povo mas que tenebroso tão logo se reconheceu a independência e se tomou a autoridade, liberdade, territorialidade, enfim, tudo que conforme um Estado, agora, democrático e de Direito (artigo 2.º da CRA), certo de que são passados 44 anos desde a independência nacional, com que pouco ou quase nada se pode orgulhar senão a liberdade já que no plano da governação, o somatório não é tão famoso! Mas que liberdade quando o desequilíbrio social terá sido a tónica dominante durante anos a fio fundamentalmente nos últimos antes da entrada do terceiro Presidente da República.

Bem, há-que salvaguardar alguma coisa já que nem todo mal se atribui às figuras de governação, ou seja é já agora, importa afirmar que o antigo Presidente da República também teve virtudes sendo ainda importante recuar no tempo e no espaço para dizer que o primeiro Presidente da República de Angola, antiga RPA, República Popular de Angola, também teve virtudes. Agostinho Neto foi o fundador da Nação, o grande líder mas que chegou apenas a governar no ciclo de Angola ante-democrática, logo não sendo Presidente no retorno à Luanda das outras forças políticas, em 91.

Nesta altura o primeiro Presidente tinha pedido a vida há 14 anos. Acaso, também ele tivesse chamado a confraternização os irmãos ideologicamente desavindos. Mas tal não sucedeu porque, há que há quem receie, os aliados terão visto com bons olhos. Mas foi ele o primeiro Presidente, só que no tempo do Partido único.

Por estas e outras que Jonas Malheiro Savimbi, olhando para o Primeiro-Ministro português, Cavaco Silva, em Bicesse, tivesse dito que o Alvor fosse para esquecer. Para esquecer mesmo, muitas coisas se diria aos portugueses. Alvor deixou muitos pendentes pela forma como os portugueses nem sempre seguem olhar de frente algumas questões de sua alçada. Será essa a herança pesada para o nosso país? Ora, o filho, do pai sempre algo recebe por herança.

Ora, depois do tempo do partido único que também lhe foi ensejado a governar, o Presidente José Eduardo dos Santos, já foi um caso diferente, foi reconhecido como Presidente de todos os angolanos quer por Jonas Savimbi como por Holden Roberto, assim como por líderes de outros partidos de emergência na consagração democrática. Governou em tempo da Democracia ou melhor de paz mas ténue.

Os três últimos líderes supracitados fizeram a democracia em Angola sendo que, na realidade, Agostinho Neto podia ter estado na base do legado até porque foi/é o primeiro Presidente d'Angola independente como João Lourenço é hoje o terceiro Presidente de Angola independente, com uma herança enorme, de devolver a felicidade ao povo, provavelmente com tarefa muito mais espinhosa por compreender o país herdando todo o passado com todo o seu fardo e, consequentemente, estando agora, com missão de o reerguer, quiçá, começando por remover o estado difícil de ponto de vista social com que se encontra todo o património.

E se continuar como anda a coisa não haverá património moral nem histórico algum que sobre. Por isso, seja importante confiar mas sobretudo apoia-lo, não importante a riqueza em jogo. É preciso injectar medidas de modo a sair-se do actual momento em que o país se encontra, verdade seja, dita. Antes de tudo é importante melhorar-se a condição de vida das populações. Só se pode ser indiferente ao que se passa.

José Eduardo dos Santos confiou no seu substituto quis mesmo ver e ter alguém com mecânica suficiente para remir o estádio corrosivo da corrupção mas depois viu que as coisas mudaram mesmo de figurino e não tem mais como dizer para pegar leve. Há quem pense que esteja arrependido por indicar JLo como seu sucessor mas, também o actual Presidente da República não tem como fazer de outro modo a julgar pela onda e o ritmo das coisas com que encontrou. Encontrou um estado sistémico das coisas nem sempre fácil de recuperar.

É verdade que nem sempre podia dispensar a todos como se duma catarse radical se tratasse até promovida por se tratar de alguém que está entre pessoas, muitas delas susceptíveis de mais um voto de confiança mas, que insistem em não desarranjar daquelas práticas. Quis dispensar e que nem sempre abonam as perspectivas e expectativas hodiernas. Mas é importante que alguns não prejudiquem mesmo o andar da carruagem sob pena de prejudicarem ainda mais a coisa.

O país precisa mesmo de mudar e se não for desta vez, então, não tem como Angola será mesmo um país adiado por causa do fenómeno corrupção. Até dentro do sistema país dúvida ainda a erradicação da corrupção. Se o governador de Benguela, Dr Rui Falcão não vê remédio para o "vírus da corrupção" nos próximos 20 anos (cfr VOA), como não pregar sobre o referido tema? O que fazer ?

*Jurista