Cabinda - O governador do território de Cabinda, que continua sob ocupação ilegal e militar do governo angolano, chefiado pelo MPLA, é mentiroso e desonesto. Pois as suas acções e atitudes não se diferem a de um sipaio, que tem a missão de proteger os interesses do MPLA que desgoverna Angola, desde de 1975.

 Fonte: Club-k.net

Mentiras essas que prestou à RFI, no pretérito 08 de Abril do corrente ano, na tentava de desmentir e sem sucesso as declarações completas de verdades de Alexandre Kwanga Nsito, presidente da Associação para o Desenvolvimento da Cultura dos Direitos Humanos à mesma estação radiofónica que transcrevemos na íntegra: “Pessoalmente sou a pessoa mais dialogante, eu dialogo com todos os partidos da oposição quer da Casa-ce, quer da Unita (...) até de movimentos de pressão, grupos de pressão aqui (...) de cabinda(...).


Tenho estado aqui, eles são testemunhos. Eu não falo todos os dias com eles, mas sempre que me pedem audiência eu recebo todos para me inteirar dos problemas”.


Eles colocam problemas sociais e problemas de outra índole, há problemas que são de caracter judicial que no ponto de vista judicial a situação é independente(...).


O governador é governador de todos, por tanto se eles vêm de forma poder ajudar a governação, e não me criarem problemas, trazendo soluções, vão continuar a ser recebidos. E não para me trazem problemas gravosos que às vezes querem criar.


Mas mesmo assim eu tenho a paciência, com a minha humildade de poder receber as pessoas e converso com eles”. (08/04/2019)-RFI. Fim da transcrição.


Parece ser um filme de comédia, drama e horror a mistura, mas não, são declarações típicas dos membros do MPLA, repletos como sempre de paradoxos, demagogias e propagandas. Basta reparem a falta de dualidade entre a teoria e a prática nos discursos de João Lourenço. Que num passado recente, teve a ousadia em afirmar “que não se podia construir um porto de águas profundas em Cabinda porque dariam a independência ao território”. E com o passar do tempo, não sofreram alterações, tendo em conta que Cabinda, ainda não é um lugar bom para se viver e o Problema de Cabinda não é uma tempestade em copo de água, como pretendeu insinuar, João Lourenço, ultimamente.


No quadro das suas atribuições como representante das autoridades angolanas, no território de Cabinda, é efetivamente, normal que Eugénio Laborinho, estabeleça contactos com, os demais partidos políticos angolanos, sedeados no território(mas recentemente, segundo notícias de um jornal angolano, Laborinho negou-se a falar com, os deputados da Unita, sobre a prisão dos membros do MIC, que no seu entender ser um problema de justiça, mais como representante do povo angolano, os deputados mereciam ao menos uma explicação das autoridades locais, o que não aconteceu, por mero capricho deste). E, é mentira que estes contactos e diálogos, sejam extensivos também à todos os Movimentos Políticos que Reivindicam à Autodeterminação de Cabinda, principalmente, as organizações de defesa dos direitos humanos.


Prova disso, se ainda estão recordados, as autoridades angolanas em Cabinda, não aceitaram receber, em Dezembro de 2018, o pedido formal de audiência feito pelo Movimento de Reunificação do Povo de Cabinda para a sua Soberania (MRPCS), do qual o Dr. Arão Bula Tempo é o presidente.


Consta que o documento foi remetido à secretária do governador, Eugénio Laborinho, mas esta recusou assinar o protocolo de recepção alegando, serem contra as normas estabelecidas em Angola. Na suas declarações públicas, o MRPCS, sempre deixou patente e claro que pretende contribuir para a solução definitiva do problema de Cabinda de forma pacífica.


“Tendo em atenção a situação político-militar, que ainda persiste no território de Cabinda, o MRPCS, continua até hoje à exortar o governo de Angola a flexibilizar a sua posição recrudescida pela lógica de guerra, para que se busquem pontos de convergência que contribuam para uma solução plausível do Problema”.


É essa a mensagem que o governador, Eugénio Laborinho diz ser contra as normas angolanas, e por isso recusou à audiência com o MRPCS de Bula Tempo, que só desejava um contacto para trocar ideias, atendendo o manancial de problemas que o território de Cabinda e o seu povo enfrentam.


Outrossim, para o “imperador” de Cabinda, Eugénio Laborinho, como se acha ser, recentemente afirmou que enquanto for o sipaio de João Lourenço, em Cabinda, a ninguém será permitido fazer barrulho nas ruas de Cabinda. Para o Senhor Laborinho, reivindicar o direito natural de Cabinda à Autodeterminação é ser causador de problemas que podem afectar o seu cargo de sipaio e que não contribuiria, quiçá com soluções milagrosas para o seu consolado que passados mais de um ano, dentre as várias promessas, muitas não passaram de propagandas demagógicas, sendo a tão propalada marginal “que não é prioridade” se termos em conta aquilo que na realidade o povo precisa, passou a ser um conto de fadas.


As suas acções, condicionam todas as hipóteses ao diálogo, tendo em conta que, continua a recusar, conceder audiências, aos líderes dos movimentos políticos e da sociedade civil de Cabinda, quiçá (para que não seja exonerado pelo exonerador implacável). Logo é mentira que Laborinho, seja a pessoa mais dialogante ou que dialoga com todos ou deseja dialogar ao nível do território de Cabinda.


Nos parece que em Cabinda, Laborinho, seja somente governador dos angolanos e não dos Cabindenses, porque se fosse, teria a coragem de receber em audiência, os membros do Movimento Independentista de Cabinda (MIC), quando em Janeiro endereçaram a carta sobre a Marcha pacífica contra a colonização angolana, a favor da Autodeterminação de Cabinda, preferiu ignora-los, para que fossem detidos, onde permanecem presos e injustamente até hoje mais de 50 jovens, deste movimento.

Então de que movimentos e grupo de pressão se referiu!


Logo também é mentira que tem conversado, com grupos do género. Tendo em atenção as suas declarações, estes, só lhe criariam problemas gravosos, como é do vosso conhecimento, todos, os governantes angolanos receiam à exoneração, que caso se consumasse, Laborinho diria à deus as mordomias, as negociatas, os desvios do já pobre orçamento de Cabinda “que não passam de migalhais” (mesmo sendo contribuinte com mais de 70% do Orçamento Geral de Angola), o nepotismo e o enriquecimento ilícito, fruto da gestação danosa e corrupta que leva à cabo em Cabinda, tal e qual como procedeu, no serviço nacional de protecção civil e bombeiros de Angola, onde permaneceu décadas.


As declarações do Senhor Laborinho, são mesmo falaciosas, como se pode confirmar, “as suas contradições” nos depoimentos dos activistas cívicos e políticos, como o caso da Associação para o Desenvolvimento da Cultura dos Direitos Humanos, que reafirma que a política em

Cabinda é desastrosa porque o governo não está aberto ao diálogo.

Segundo os esclarecimentos de Alexandre Kwanga Nsito, presidente da associação supra citada, que desmente o senhor Laborinho, sem receios e rodeios, nos seguintes termos: “A política em Cabinda é uma situação desastrosa porque o governo angolano não consegue estender a sua capacidade de diálogo. Eles tiveram um entendimento entre o MPLA e a UNITA, mas quanto a Cabinda o governo angolano nunca teve as mesmas intenções, capacidades políticas com os movimentos de libertação do enclave”.


Kwanga Nsito, aproveitou ainda a celebração da paz em Angola, para apelar ao governo angolano o seguinte:
“O governo angolano deve estender a paz a Cabinda, mas isso deve primar pelo diálogo. Um diálogo com as diferentes frentes que lutam para a pacificação no território de Cabinda”, falando a RFI, concluiu o activista.


Contudo, se estão recordados, no primeiro trimestre de 2018, João Lourenço, visitou o Território de Cabinda e no seu discurso, afirmou que não gostou do que viu no Território, tendo assinalado “ Temos de considerar Cabinda como um caso particular”, declarações que se limitaram em entreter o humilde povo de Cabinda, tendo em conta que são, falsas, populistas e eleitoralistas.


A recusa ao diálogo, com todas as forças vivas que defendem à autodeterminação de Cabinda, tem sido, o principal entreve para a resolução do problema. E se o governo angolano é a favor do diálogo, o desafiámos a responder as cartas do presidente da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC – FAC), Dr. Emmanuel Nzita Wa Nzita, onde solicita diálogo, com Angola para a resolução do Problema de Cabinda de forma pacífica.


José Manuel Kabangu*
-Jornalista e Activista Político-