Luanda - Num aviso datado de 27 de Março último, o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADEC) deu conta da proibição de “revista sem justa causa” aos consumidores, à saída dos estabelecimentos comerciais.

Fonte: Club-k.net


Esta foi uma das minhas grandes batalhas, travada durante anos a fio, primeiro nas páginas do extinto “Correio da Semana” e, mais tarde, do “Jornal de Angola”.


Os primeiros textos datam de 1993 (já lá vão 26 anos).


Com a criação da rubrica semanal “Consumindo” no “Jornal de Angola” (no dia 24 de Maio de 1997), passei a abordar esta matéria com maior regularidade. Pelo menos uma vez por mês, o assunto era abordado e os estabelecimentos com essa prática eram penalizados na avaliação “Consumindo” dos supermercados da capital.

 

Enquanto a anterior direcção do JA nos permitiu publicar a rubrica “Consumindo” (que inciou no consulado do Director Luís Fernando), foram 10 anos e 4 meses a bater na mesma tecla.


Lá conseguimos reduzir drasticamente a revista à saída de supermercados.


Se no início da rubrica havia revista na maioria dos supermercados da capital, 10 anos depois apenas alguns poucos estabelecimentos mantinham essa aberração. Trata-se de superfícies de grande e média dimensão, que sentiam ter as “costas quentes”, pois nada lhes aconteceria por isso. Como não aconteceu mesmo, para além das chamadas de atenção da rubrica “Consumindo”.

Onde já se viu tratar o cliente como potencial ladrão?


Então o consumidor vai gastar dinheiro neste estabelecimento (e não em qualquer outro) e é ultrajado dessa forma?


Ao invés de gastarem dinheiro em segurança no interior dos estabelecimentos, alguns dos seus proprietários achavam mais fácil (e mais barato) pagar a dois ou três seguranças para a vistoria à saída.


Esqueciam-se era que o maior desfalque ocorre dentro dos próprios estabelecimentos, onde algumas pessoas se vão alimentar. Por isso, eu recomendava então que os estabelecimentos encomendassem também equipamentos de raios E (E de estômago), para detectarem à saída o que havia a mais nos estômagos dos clientes, comparando com o que lá tinham à entrada…

O mais caricato da situação foi que o INADEC nunca se pronunciou sobre o assunto. Durante anos a fio, sai Director, entra Director – e nada. De defesa do consumidor, o INADEC tinha pouco mais que o nome.

Foi preciso haver mudanças na chefia do Estado, para as mesmas pessoas mudarem de postura.

Realmente, mais vale tarde que nunca.

Portanto, não podia deixar de saudar o Instituto de Defesa do Consumidor, que se vai assumindo como nosso defensor enquanto consumidores.
Bem-haja o INADEC!

Paulo de Carvalho
16/4/2019