Luanda - A vitória da Telstar para quarto operador local tem sido contestada pelo facto de a empresa, constituída em janeiro de 2018, não ter histórico no sector e deter um capital social de apenas 200 mil kwanzas.

*Ricardo David Lopes
Fonte: Jornal Mercado

A Telstar vai diferenciar-se dos concorrentes pela “inovação e baixa de preços”, garantiu hoje o presidente do conselho de administração (PCA) e accionista maioritário da empresa que venceu o concurso para quarto operador de telecomunicações. “Vamos inovar, vamos baixar preços”, explicou Manuel João Carneiro, em Fortaleza, Brasil, à margem da inauguração de um novo data center da Angola Cables.


O general na reserva, que detém 90% da Telstar, é igualmente accionista de referência da Startel, uma operadora de telefonia fixa que actua “no mercado corporativo”, tendo como clientes grandes empresas, nomeadamente, do sector petrolífero. A Startel detém 3% da Angola Cables.


Questionado sobre as polémicas que surgiram após ter sido divulgado que a Telstar venceu o concurso público internacional para a atribuição da licença ao quarto operador de telecomunicações, Manuel Carneiro garantiu não as valorizar. “Não me afligem”, disse aos jornalistas.


“Comecei a trabalhar nas telecomunicações aos 15 anos, hoje tenho 64, fui mais de 40 anos chefe de comunicações das Forças Armadas”, acrescentou, revelando que a Telstar irá contratar, no imediato, cerca de 50 pessoas. “Depois vamos ter muito mais gente”, afirmou, garantindo que a operadora estará a funcionar dentro de um ano.

A vitória da Telstar tem sido contestada pelo facto de a empresa, constituída em janeiro de 2018, não ter histórico no sector e deter um capital social de apenas 200 mil kwanzas. A desistência do concurso da MTN, a maior operador de África, é outras das polémicas em torno do processo.

Na conferência de imprensa em que foi anunciada a Telstar como vencedora, na semana passada, o ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, José Carvalho da Rocha, garantiu que o concurso foi “transparente” e afirmou desconhecer as razões pelas quais a multinacional sul-africana desistiu do processo, alegando que estava “viciado”.

“Gostava que fosse a própria MTN a dar as explicações, porque nós próprios não sabemos. Todos os candidatos tiveram oportunidade de questionar o processo. Em nenhum momento nos disse que o processo estava viciado. Só ela [a empresa sul-africana) poderá responder”, afirmou o ministro.