Benguela - Sábado passado, de Páscoa dia 20, o bar Morena Beach na Praia do pequeno Brasil em Benguela realizou uma festa da organização TRIXU. O som era tão anormalmente alto, que os vizinhos telefonaram cinco vezes ao Comando municipal da polícia de Benguela para que viesse ordenar que baixassem a música. Da última vez o agente de piquete deu o numero directo do Comandante a quem ligámos também. O Comandante limitou-se a ouvir, cumprimentar e desligar. A música manteve-se delirantemente alta até às 6 da manhã. O vidro da porta do meu quarto já estalado com a vibração rachou ao meio. Na minha casa fomos obrigados a colocar calços nas portas exteriores para diminuir a vibração produzida pelo som dos baixos da aparelhagem da festa. A vizinha M. F. cardíaca crónica teve uma mau estar súbito que a obrigou a tomar o comprimido de emergência para baixar a tensão arterial e hoje acordou com a boca torta. O bebé de outra vizinha queixou-se de dores de ouvidos durante a noite e o dia de hoje. Um hóspede do hotel Pequeno Brasil, situado na mesma praia, disse-me que usou protectores de ouvidos durante toda a noite, que abafaram o som, mas não o impediam de sentir a contínua vibração das portas.

Fonte: Club-k.net

A luta dos moradores do bairro do Kioche para que o bar Morena Beach, instalado na areia da praia do pequeno Brasil em 2017, mesmo em frente do Instituto Superior Técnico de Benguela, respeitasse o seu direito ao descanso vem de longe. Os vizinhos que se sentem incomodados pelas festas de fim de semana realizadas constantemente pelo referido bar, moram na praia junto ao bar, mas também nas imediações do hospital central e da maternidade, na parte do bairro do Kioche mais perto da foz do Cavaco, moram nas imediações da Igreja do Pópulo e junto ao palácio do Governo e também nas transversais da Rua 31 de Janeiro até à sede do Sporting, o que perfaz um diâmetro de cerca de 1km de vulnerabilidade aos sons das festas deste bar privado. Esta zona é urbana e sempre foi de habitação, a maioria das famílias mora nesta zona há mais de 60 anos, o hospital central e a maternidade funcionam desde o final dos anos 40 do século passado.

Os moradores não questionam a possibilidade de convivência entre um bar de praia, estabelecimentos hospitalares, unidades hoteleiras, uma universidade, vivendas de classe média e casas de pescadores. Embora a este plano urbanístico falte bom senso, uma vez que todos somos obrigados a conviver neste espaço, devemos respeitar o direito ao descanso de todos, sobretudo de doentes e recém-nascidos. Um bar esplanada de praia tem de ser isso mesmo e não uma discoteca, para o que se necessita de insonorizarão especial e especial regulamentação de funcionamento.

A policia municipal foi chamada varias vezes a intervir para moderar o som do referido bar, e numa das vezes o comandante municipal imputou responsabilidades à administração e aconselhou os vizinhos a escreverem à Administração. Este movimento foi iniciado e cerca de 20 famílias e o director da Universidade assinaram uma carta de protesto, que curiosamente o director do hospital se recusou assinar. Não se sabe ao certo se alguém teve a iniciativa de alertar o proprietário do referido bar, o facto é que o Morena Beach baixou o som das suas festas, os vizinhos sentiram-se agradecidos e acharam desnecessário que o abaixo-assinado desse entrada oficial na Administração. Há porém festas em que este acordo de cavalheiros não vigora e são as da organização TRIXU. São festas muito populares e de grande mobilização da juventude e supomos que muito lucrativas.


Tão lucrativas que segundo vox populi, ninguém interfere, nem polícia, nem comandantes, nem a Administração e nem o próprio governo provincial, o que é bastante intrigante, já que devido à proximidade do palácio, residência do Governador, ao referido bar, S. Exa. tem de ter o seu merecido descanso nocturno tão perturbado como o nosso. Estas festas é que são de total descontrolo (e apenas nos referimos à altura dos decibéis) e extremamente lesivas da saúde dos moradores da zona, mas a estes organizadores parece ter-lhes sido dispensada uma “licença para matar” e garantida total impunidade, apesar de um dos objectivos da operação resgate ser o combate à poluição sonora.