Luanda - O processo-crime n.º1088/17, em curso na 4.ª Secção do Tribunal Provincial de Luanda, Dona Ana Joaquina, tem como arguido, para quem se lembra, o jornalista Mariano Brás, director desta publicação, que começou a ser ouvido como editor do já extinto jornal A Capital.

Fonte: Jornal O Crime

É acusado, para sermos concretos, de ter publicado uma notícia ‘injuriosa, difamatória e caluniosa’ contra a imagem e o ‘bom-nome’ do empresário libanês KassemHammoud, vulgo Castro, e um funcionário seu, José Francisco António Eduardo dos Santos.


Caso para dizer que não tem sido nada fácil para este jornal, agora a apanhar por tabela, após ter estado no banco dos réus, de onde saiu ‘ileso’, na sequência da queixa apresentada pelo ex-procurador-geral da República, João Maria de Sousa.


Desta vez, um testa-de-ferro do general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior (Kopelipa), o empresário libanês, residente em Angola, processa este jornal por crimes de difamação e injúria. O julgamento deveria ter início a 15 de Maio, uma data que, estranhamente, Mariano Brás desconhecia, mas foi adiado para11 de Junho.


A matéria em causa foi publicada a 29 de Outubro de 2016, edição n.º 53, com o titulo ‘’A história do inquilino que não paga renda há quatro anos’’ e antetítulo “Castro, um libanês com dívida em de USD 2.000.000.00”.


KassemHammoud, inquilino de Marcelino da Rocha há mais de oito anos, terá perdido documentos/contratos e mais de 600 mil dólares após ter sofrido um suposto assalto no ano de 2012.


O caso começou por ser abordado quando Mariano Brás trabalhava para o semanário A Capital, que teve como base uma fonte ligada a Hammoud, que acusava o senhorio de ser o autor do crime.


Marcelino da Rocha, o senhorio, chegou a ser detido, mas, pouco depois, foi colocado em liberdade e nunca chegou a ser julgado.


Depois de ter saído da cadeia, processou Mariano Brás por crimes de injúria e difamação. No julgamento, as partes chegaram a um acordo, com base no qual o jornalista, até em obediência ao direito de resposta, teria de publicar a versão de Marcelino, o contraditório que não foi publicado na devida altura por razões alheias ao A Capital.


Só em 2016, quando o A Capital já tinha declarado falência, foi cumprido o acordo, com Mariano Brás a narrar os factos, por obrigação, no jornal que agora dirige.


Como um mal nunca vem só, a versão passada por Marcelino da Rocha deu motivo a um novo processo-crime contra Mariano Brás, apresentado, portanto, pelo empresário KassemHammoud e o seu funcionário José Francisco António Eduardo dos Santos, que são, lembramos as fontes do texto que deu lugar a esta trapalhada.


O início do julgamento será 11 de Junho. O jornalista faltou a uma chamada por não ter sido notificado pelo tribunal.


Recorde-se que a 7 de Julho do ano passado Mariano Brás tinha sido absolvido pelo Tribunal de Luanda, juntamente com o activista e jornalista Rafael Marques, num processo em que ambos foram acusados de crimes de injúria e ultraje a um órgão de soberania, movido pelo ex-procurador-geral da República.


Espera-se, de resto, que Brás tenha a mesma sorte, até porque o autor do direito de resposta, uma orientação judicial, está identificado.