Luanda - Não tenho o hábito de choramingar por coisas fúteis, mas indigna-me o facto de acompanhar com frequência atitudes de dirigentes do Ministério da Saúde, que indignam qualquer trabalhador e reformado honesto.

Fonte: Club-k.net

Assistimos quase todos os anos (mês de maio- mês do trabalhador) a premiação e entrega de certificado de mérito aos funcionários reformados do Ministério da Saúde. O ato é de louvar, mas os critérios de seleção deixa uma série de dúvidas e questionamentos que os protagonistas são obrigados de esclarecer.


Senão vejamos, foi anunciado a realização do referido ato com os mesmos vícios, o de excluir os trabalhadores dos anos anteriores a 2017, priorizando os recém reformados, isto é, dos anos 2017 e 2018. Não me preocupo com os eletrodomésticos, e outros bens materiais ou mesmo milhões de kwanzas que oferecem aos escolhidos a dedo, mas o certificado de mérito devia ser atribuído aqueles que mostraram trabalho, dedicação e mérito ao longo dos anos, queimando a sua juventude em prol do Serviço Nacional de Saúde, pois, não há presente sem passado como não haverá futuro sem presente.


Lamento por isso que os critérios do passado permanecem até hoje, pois, falo na primeira pessoa que no passado já perdi bolsa de estudo para o exterior do pais, também nessa altura fui excluído em frequentar o ensino superior na universidade pública por simples razões de não exibir o cartão de militante ou simpatizante do partido no poder na altura, já que não fazia parte da célula do partido do local de trabalho. Nos últimos anos fui nomeado Chefe de Secção no GEPE do MINSA, função exercida cerca de 20 anos sem acender a categoria superior até a minha reforma.


Alguém que ingressou no Serviço Nacional de Saúde em 1977, iniciando as funções na categoria de base de enfermeiro de 3a classe, subindo os degraus até a formação superior sem nenhum processo disciplinar em todos níveis onde passou (município, província e nacional), com todos riscos na altura da guerra e 38 anos de serviço prestado ao Estado Angola.


Não é suficiente para merecer o certificado de mérito? Isto faria bem para servir de exemplo aos meus filhos e netos que a vida ganha-se trabalhando com dedicação e não com ofertas de bens e mordomias sem o mínimo de sacrifício.

Luanda, 03 de Maio de 2019.

“ Corrigir o que está mal, melhorar que está bem”

DISIMUA KIAVEWA
Psicólogo Clinico