Luanda - Há anos era eu decano da Faculdade de Direito da UMA, quando sou chamado porque um senhor estava a agredir com violência uma estudante minha no 3.º andar. No local percebo que o indivíduo era o esposo da estudante, que era das melhores daquela turma. Entretanto, o casal foi para casa ante a minha ameaça de chamar a polícia. Na segunda-feira logo a seguir convoquei a estudante para o meu gabinete e tratei de entender o que se passava, mas ela foi de poucas palavras e algo resignada ante a situação.

Fonte: facebook

ATENÇÃ: UM FEMINICÍDIO NUNCA É AO ACASO

Volvidas algumas semanas a cena voltou a repetir-se, mas já na rua, mas nas adjacências da universidade. Ao entrar na sala de aulas dou com a senhora com hematomas no rosto, os quais a maquilhagem não conseguia disfarçar. Para não expo-la, voltei a convoca-la e durante a conversa a mesma disse que o marido tinha ciúmes dos colegas e professores e que ela achara por bem deixar de estudar. Neste dia, lembro-me como hoje de lhe ter dito: "Dra cuidado. O teu marido tem o típico comportamento de quem pode ir aos extremo. Que o diabo nos seja surdo este senhor um dia pode mesmo matar-te... cuidado"


Hoje recebo uma mensagem da Gabriella Fortes Guimarães, que era colega da senhora e presenciou toda esta conversa no meu gabinete a dizer, "o professor tinha razão, a Neusa foi morta pelo marido".


A morte de uma mulher pelo esposo é sempre a crónica de uma morte anunciada. Começa sempre com um grito, um cala a boca, uma chapada em privado até chegar a uma briga em público. Daí ao homicídio é só um passo.


Atenção moças. Relacionamentos abusivos acabam mesmo em morte e, isso não é azar, é vontade. Não te faças na próxima vítima, por favor. Logo no primeiro grito, denuncie!


Neusa Andrade, minha aluna, como eu gostava de não ter razão. Que Deus te receba no Seu conforto.