Luanda - O Sr. Carlos Alberto, membro da ERCA (Entidade Reguladora da Comunicação Social de Angola) e político em ascensão na UNITA, que procura visibilidade a qualquer custo, decidiu agora disparar um rol de insultos e acusações contra mim. Isso a propósito do texto que publiquei ontem na minha página no Facebook, no qual anunciei que serei julgado no dia 28 de Maio no Tribunal Provincial de Luanda por um caso que me é cada vez mais estranho.

Fonte: Facebook


Vindo com mais um delírio político sobre o "contraditório" – o último achado dos políticos quando se trata de atacar os jornalistas – o conselheiro da ERCA faz, contudo, uma revelação que me parece importante reter, para quem queira perceber os reais fundamentos da queixa que foi feita contra mim (enquanto Director do "Jornal de Angola") nos tribunais de Luanda e da causa que será julgada no dia 28.


Revela o membro da ERCA que em 2017 houve uma “máfia” que se movimentou em Angola para eleger o eng.º Augusto Paulino Neto, candidato da Lista A, como bastonário Ordem dos Engenheiros de Angola (OEA) e afastar da corrida ao lugar o candidato da Lista B, o eng.º Barnabé Raimundo.


Nessa “máfia”, diz o conselheiro da ERCA, estariam envolvidos profissionais da comunicação social. Um jornalista, o próprio Carlos Alberto, chegou a ser expulso da rádio LAC por realizar uma investigação jornalística desde 2016 sobre a má gestão e a falta de eleições na OEA, cedendo à “pressão política do Governo”.


Quem sou eu para duvidar das palavras do conselheiro da ERCA que diz que descobriu uma conspiração e foi punido por denunciar uma máfia angolana? A revelação do Sr. Carlos Alberto, membro da ERCA, apenas confirma aquilo que escrevi ontem, mas que ele, oportunisticamente, vem tentar desmentir, no intuito de ganhar mais fama. Disse eu que as ameaças aos jornalistas continuam e que as intimidações aos jornalistas, de facto, não terminaram. Haverá melhor prova do que o exemplo do Sr. Carlos Alberto, que diz ter sido expulso de uma rádio por fazer jornalismo?


Além disso, acrescento eu, contra a opinião de CA, há realmente uma “caça às bruxas”. Essa caça é feita actualmente de maneira cirúrgica contra alguns jornalistas, favorecendo outros provavelmente menos preparados e mais facilmente manipuláveis. Nunca vi nada igual em todos os meus anos de vida nesta profissão. Parece quase uma purga maoísta. Como já escrevi antes, o resultado disso será a destruição do serviço público de comunicação social angolano. Esperemos para ver.


Acresce que a essa campanha de intimidação, ameaças e esmagamento moral dos jornalistas e outros profissionais da comunicação social, juntou-se agora também o Sr. Carlos Alberto, que está a ser conivente com as ameaças e intimidações porque isso é conveniente para a sua projecção política, posicionando-se assim em contradição com as obrigações que a função de conselheiro da ERCA impõe e com os deveres éticos da posição que ocupa.


Se o membro da ERCA considera que foi expulso da LAC por realizar uma investigação jornalística sobre a OEA, não seria justo que me concedesse também o direito de julgar que o caso da OEA foi mais uma peça, entre muitas outras, da trama que foi urdida contra mim por uma máfia que utilizou o “Jornal de Angola” para me afastar da direcção do jornal e das Edições Novembro, quando tinha um mandato de cinco anos a cumprir, até 2021? Seria justo, não seria? Tudo leva a crer que também fui alvo da máfia angolana. Tenho bastas provas disso.


O conselheiro da ERCA antecipa-se ao tribunal dizendo que agi com “dolo premeditado” e declara, sem apelo nem agravo, que serei condenado. Então, já nem direito tenho ao contraditório, ao verdadeiro contraditório, aquele que é determinado pelo julgamento justo? Estamos numa ditadura e em mais um processo kafkiano?
Factos são factos. Reafirmo que não tive acesso prévio – nem essa era a prática no “Jornal de Angola” – ao trabalho jornalístico realizado pela Kátia Ramos, que foi bem elaborado, diga-se. Apenas tive conhecimento do assunto ao ler a notícia no dia seguinte.


Ouvi, depois, a reclamação do eng.º Barnabé Raimundo, que me foi apresentada pelo jornalista Alberto Pegado. Pelo mensageiro, aconselhei o engenheiro a escrever uma carta à direcção e garanti que a publicaria integralmente. Por fim, fui interrogado no SIC de Talatona por um agente que corroborou a minha tese de que ao eng.º Barnabé Raimundo foram dadas todas as possibilidades para exercer o seu direito de resposta, face às acusações do presidente da Comissão Eleitoral, António Caldas.


Quero dizer ao Sr. Carlos Alberto, conselheiro da ERCA, que lhe desejo o maior sucesso na sua carreira política. Aconselho-o apenas, na sua vida profissional, a não misturar Jornalismo, Política e Direito. O Jornalismo pauta-se pelo rigor informativo da notícia, a Política age pela conveniência, o Direito busca a justiça - embora não pareça. Os textos do Sr. Carlos Alberto são de alguém que é tudo menos jornalista, porque as suas palavras não são rigorosas. De um político também não são, porque CA move-se pelo ódio. De um juiz, muito menos, porque ele é um desequilibrado. Talvez por isso tenha a LAC sido forçada (e bem) a tirá-lo do jornalismo. O homem é um poço de contraditórios.