Luanda - Abordagem de Lukamba Gato na 7ª Sessão Plenária, sobre o OGE rectificativo, na generalidade.

 

Excelência Senhor Presidente, da Assembleia Nacional
Dignos representantes do titular do Poder Executivo
Caros colegas eleitos do Povo
Minhas senhoras e meus senhores

Estamos aqui e hoje, a levar a cabo pela 2ª. vez, em pouco menos de 6 meses este exercício, o que indica claramente que a situação económica e social do país carece ainda de cuidados redobrados. Mas este estado de coisas indica sobretudo que 44 anos depois da nossa independência, ainda não encontramos o caminho certo.


Continuamos com o discurso da diversificação da economia, mas persistimos na lógica optimista de esperar para “ver qual será o comportamento do mercado’’ com relação a nossa principal comodity, o petróleo, cujo preço não sobe o suficiente, de forma a chegarmos à nossa zona habitual de conforto.


É urgente que o país assuma uma opção estratégica que defina com clareza, um modelo sustentável de desenvolvimento económico e social que crie benefícios para todo o povo.

Angola é, até prova do contrário, um país com todas as condições para se tornar forte, com uma economia alicerçada na agricultura e pecuária.

Com uma superfície de 1.246.700 km2 e uma densidade populacional de cerca de 20 hab./km2, Angola tem cerca 35 milhões de hectares de terra arável disponíveis, dos quais apenas 10% estão sendo explorados.


Possuímos uma das mais extensas redes hidrográficas do nosso continente com cerca de 50 bacias hidrográficas, sendo que todos os seus rios têm as suas nascentes em território nacional, com excepção de 2 ou 3 rios como o Zaire e o Zambeze.

Excelência Senhor Presidente,


Sendo a agricultura um conjunto de procedimentos técnicos utilizados para trabalhar a terra com objetivo de obter alimentos e matérias primas para indústria como as dos têxteis, medicamentos, etc.


Torna-se necessário e urgente que esse conhecimento técnico básico seja transmitido de forma simples e prática às comunidades rurais para que mesmo a agricultura familiar seja feita em moldes científicos para poder voltar a assumir o seu lugar de factor impulsionador do desenvolvimento económico, contribuindo assim para uma maior coesão nacional, unidade e paz social.


Um programa a curto termo neste sentido, pode permitir-nos formar centenas de formadores para agentes técnicos ou prático-agrícolas em todas as comunidades rurais do território nacional.


É preciso, através da implementação das autarquias em todos os municípios do país, devolver a vida e o dinamismo que os Municípios sempre tiveram na história económica deste país.


A hora é para a produção de milho, trigo, arroz, feijão, batatas, mandioca, girassol, café, algodão, sisal, cana se açúcar. A hora é para a população voltar a ter a cultura de criar porco, cabrito, galinhas, patos, etc. É assim que se cria riqueza para todos, é assim que desenvolve o país e se combate a pobreza e as assimetrias regionais. É isso e só isso fará de Angola de facto uma potência regional, pois teremos a capacidade de alimentar convenientemente toda a população e criaremos excedentes para transformar e exportar tendo sempre em linha de conta que temos à volta das nossas fronteiras Norte e Leste um mercado de mais de 100 milhões de consumidores.

Queria só recordar, porque estão aqui mais velhos que o podem confirmar porque o vivenciaram.


Até finais de 1973, Angola atingiu níveis de produção e produtividade na agricultura tais, que por ordem, os principais produtos de exportação eram os seguintes:


1. Café
2. Algodão
3. Minério de ferro
4. Madeiras e celulose
5. Petróleo e Diamantes
6. Sisal e rícino

Faço esta referência apenas para evidenciar o que esta terra generosa nos pode retribuir se nela for investido algum esforço.

Excelência Senhor Presidente,


A África do Sul aqui bem ao nosso lado, apesar de ser um país semiárido e por isso com escassos recursos hídricos, direcionou os seus esforços para o sector primário de economia. A agricultura e a pecuária estão no centro de atividade económica e em função da sua realidade, a África do Sul desenvolveu capacidades em matéria de know how que lhe permitem mesmo na adversidade, produzir e estar presente com os seus produtos nos 14 países da SADC, incluindo no nosso. Isso traduzido em números coloca a Africa do Sul com um PIB de cerca de 350 biliões em comparado com o nosso, dependente essencialmente do petróleo, que ronda os 150 biliões dólares segundo o Banco Mundial.

Eu costumo visitar anualmente a maior Exposição Agrícola do hemisfério Sul que tem lugar por esta altura do ano, em Bothaville, Orange Free State, na Africa do Sul.


Convido vossas Excelências a visitarem aquele certame para que tenhamos a noção exacta do que é a força e o impacto da agricultura no processo de industrialização de um grande país.


Termino dizendo que não nos diminui nada, aprendendo com a experiência já acumulada por outros povos, sobretudo aqueles com os quais partilhamos o mesmo espaço no contexto regional.

Muito obrigado pela vossa atenção
22/05/19