Luanda - À uma dada altura da luta, na década 90, ficamos sozinhos, sem ajuda externa de nenhuma espécie. O velho Jonas reuniu alguns camaradas para uma reflexão estratégica sobre essa importante matéria. Concluímos que a única saída seria pôr em prática um dos princípios fundamentais do Partido: "Contar essencialmente com as nossas forças".

Fonte: Club-k.net

Um dos responsáveis foi encarregado de visitar demoradamente a Lunda Norte para avaliar as reais possibilidades de sucesso do nosso projecto. Regressou ao fim de 15 dias de trabalho preliminar que permitiu a Direcção do partido ter uma ideia genérica sobre a situação em análise. Seguiu-se depois uma visita de experts em matéria comercial e financeira. O relatório dos experts foi peremptório: liberalizar a actividade de exploração de pedras preciosas e actividades comerciais afins. Tomar medidas complementares como o controlo rigoroso da fronteira com a RDC para evitar a fuga da riqueza do país. Elaborar uma legislação básica para regular essa actividade e proceder a uma ampla difusão da mesma. Encorajar a abertura de comptuários e actividade Comercial formal, bem como a agricultura.


Em pouco menos de um ano os resultados estavam visíveis tanto nas pessoas directamente envolvidas naquelas actividades, população em geral, como para os cofres do partido que cobrava impostos. A Vila Nova/Chikala Colohanga tornou-se rapidamente numa placa giratória ou mesmo uma autêntica "bolsa de valores". Até de Luanda vinha gente para fazer negócio naquela localidade, pois o Bailundo passou a ter um grande poder de compra devido a um considerável fluxo de divisas.


Conto esta pequena experiência porque sinto que nos tempos que correm, o nosso país passou de um extremo para o outro. Antigamente tudo e mais alguma coisa era permitido. Hoje tudo é proibido, o que cria paralisia geral mas também pode aguçar cada vez mais as artimanhas mais sofisticadas para a fraude de todo o tipo. A vida não pode parar, pois a virtude reside no equilíbrio dos extremos e nunca nos próprios extremos. Não se deve inibir os angolanos de lutar e encontrar caminhos lícitos para ganhar a sua vida. O que é importante é definir REGRAS CLARAS E IGUAIS PARA TODOS que possam regular o exercício das actividades geradoras de receitas. Em seguida, criar mecanismos rigorosos de controlo, fiscalização, tributação e sancionar severamente todos os que estiverem em conflito com as leis. Foi apenas uma reflexão para ocupar o fim de semana..