Brasil - Não tenho nada haver com o padre boçal. A propósito, não sou da igreja, nunca fui da igreja, e tenho certeza que jamais serei e sinto pena e pavor daqueles que o são. E tem mais, costuma-se dizer que esse pessoal do Vaticano não têm amigos, eles podem estar de um lado ou do outro quando o que se trata é de defender o irmão de Satanás: Jesus Cristo. Mesmo quando se sabe que todos nós temos um amigo: que pode ser feio, gordo, magro, milionário, ateu, crente, pobre ou até maluco. A igreja, essa que anda por aí a dar sermões de moralidade, não tem amigos.
Fonte: Nelo de Carvalho
O País das Aranhas (XIX)
Mas o que a imprensa Angolana Estatal e Pública não pode fazer é dar-se o luxo de fazer o uso exagerado e deliberado do sofisma que já não convence a ninguém, nem aqueles que defendem o Camarada Presidente e os seus protegidos homens de maneira obcecada, e só aceitam tais argumentos de defesa porque precisam defender interesses, quase sempre além dos interesses público. Na negação da existência da corrupção à defesa ao Camarada Presidente e ao seu governo chega mesmo a ser, às vezes, um teorema com traços matemáticos, política ou socialmente uma espécie de tabu a ser defendido e engolido sem nos atrevermos a usar as papilas gustativas para não sentirmos o seu gosto amargo. E é sempre a mesma coisa: os acusadores têm que apresentar as provas, e não só, mencionarem as pessoas envolvidas. Concordamos que essa exigência é um princípio das regras civilizatórias, uma maneira de evitar injustiças, diga-se também injustiças sociais.
Foi a exigência, talvez emitida pelo Jornal de Angola ou algum outro meio de informação pública, exigida ao acusador Frei João Domingos. Esse é o instrumento ( sofismas e teoremas que às vezes não satisfazem o desejo de justiça) que se usam à torto e à direita para dar proteção a essa classe de corruptos e viciados que compõe a burguesia angolana e que tem como proteção e escudo o ideal eduardista de ser. É o tom característico da burguesia eduardista e todo seu poder, que se confunde erroneamente com o próprio poder do Estado, que não aceita acusações e nem reconhece a decadência do período em que atravessa.
Nessa luta sem quartel e de tanta baixaria, de acusações de um lado e do outro, o Estado que é visto como uma prostituta por todos nós, mas que aparenta mostrar e em insistir em dizer que é decente, duvidosamente decente, deveria ter o maior interesse em provar sua decência. Também isto constitui um ato civilizatório, e por certo irremediável. E, sinceramente, a não ser que surja um outro sofisma derrubando esse argumento, não é o que Estado nessa nação de angolanos tem demonstrado. O Estado Angolano é uma dúvida, dir-se-ia mesmo: é uma piada! E perante aos olhos de qualquer observador, mesmo sem provas, é inevitável a acusação de todos os vícios que o afligem, ou o tornam uma instituição capenga. Assim, diante a todos os fatos do dia a dia, tendo em conta o volume de informação que a nossa imprensa quer pública como privada geram ao longo da semana ou do mês, por que não usar uma estratégia diferente? Fazer com que aquela instituição prove com rigor e sabedoria todos os seus atos perante a sociedade, quando existem denuncias mesmo sem as supostas provas. Mesmo porque é ele, o Estado, que deve fazer questão de apresentar contas a sociedade. A propósito, essas acusações, supostamente infundadas, não será o resultado de lidarmos com um Estado de fisionomia arrogante e prepotente que ao longo do tempo convenceu-se que deveria fazer mais por si mesmo do que pela sociedade?
Acaso aqueles que vivem negando a existência da corrupção no seio do Estado, do Governo e do MPLA são adeptos da filosofia do cinismo? E que cinismo!? Que consiste no silêncio do homem que não vê, não escuta e não sente ( e tudo isso por que não quer). E nem se dá o trabalho de pedir emprestado o instrumento de sensibilidade, não de um só homem, mas de toda uma sociedade que clama e vê a própria sujeira às vezes lançada no ventilador, não pelas vítimas: que são os invejosos, ou até os supostos boçais; mas pelo seus maiores suspeitosos.
O cinismo aberto e escancarado permite que esse mesmo Estado esteja virado mais para a opinião de uma diplomacia que só vê instabilidade, ditadura e anti-democracia quando os seus interesses dentro do próprio país estão em jogo: Do Vaticano e DO Catolicismo. Do que para uma opinião pública nacional, que sendo maldosa ou não, é a que verdadeiramente esse Estado deveria estar preocupado e prestar ouvidos. Desde quando é que o Governo Angolano adotou como parâmetro de medição de contentamento nacional a opinião de um diplomata de batina vindo do Vaticano? Se isso for verdade então será muito mais fácil governar um país como Angola. Que consistiria em menos prezar todo o seu potencial interno e prestar simplesmente ouvido a uma turma de estrangeiros com segundas intenções, quase sempre diabólicas e maquiavélicas, literalmente ofensivas e desrespeitosas para um povo que precisa ser ouvido.
É engraçado como o Povo deixou de valer tanto aqui dentro, porque o Camarada Presidente que matem os nossos empregos precisa ser defendido a qualquer custo e preço. Agora, o Frei João Domingos, intruso e boçal, deve ser acusado de tudo, de kwacha, de anti-povo, e como não podia faltar, de odiar o MPLA. Que no fundo são os mesmos teoremas de sempre em que o regime ou o sistema de corruptos tem se agarrado agora para neutralizar seus adversários. É o sofisma de sempre!
Essa maneira de agir, da imprensa Pública e Estatal angolana, é um ato grosseiro que consiste propositadamente em encardir as nossas inteligências com o estrume da parvice e da idiotice.
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