Luanda - Para qualquer cidadão, seja ele luandense ou não, circular pelas estradas de Luanda é muito mais que um martírio. Eu diria mesmo: é uma questão de vida ou morte. Só durante esta semana, deparei-me com 3 cadáveres estendidos pelas artérias de Luanda, o que em si constitui cenários de muita tristeza. Tão triste que pensei em pegar na caneta e desabafar, para soltar espíritos iníquos, como se ousa dizer na gíria

 

Fonte: Club-k.net 


Num belo sábado pela manhã, decidi dar um pulo ao bairro Benfica, bairro este muito concorrido e procurado nos últimos tempos, devido ao sem números de construções que lá se vão erguendo em massa, para além da presença de muitos proeminentes personagens da nossa durbe entre eles ministros e generais, que se transferiram para lá, alugando as luxuosas vivendas do tipo T4 no bairro Nova Vida a diplomatas, expatriados e homens de negócio estrangeiros.

 


Incrível mas acredite, da conhecida bomba de combustível “Girassol” ao Futungo até a ponte do “Catinton”, que são cerca de 1Km, levei nada mais que 3 horas, não podendo sequer recuar, devido ao autentico caos no tráfico, onde cada um fazendo das suas para chegar mais rápido ao destino, entretanto, acabando por sufocar completamente a circulação, isso para não falar da falta de respeito e de civismo onde “palavrões” e até mesmo cenas de pancadarias e violência, complementam este miserável cenário.

 

Em termos económicos, é quase que incalculável o elevado prejuízo que todo este transtorno (combustível, tempo, consideráveis atrasos, absentismo e indiferença dos funcionários públicos e trabalhadores em geral, o que desemboca num considerável baixo rendimento no trabalho). “São milhares de dólares diários que se evaporam nas ruas de Luanda diariamente. Um autentico prejuízo a economia nacional”, segundo constatação de um experimentado ancião e homem de negócios europeu”.

 

Perante estes e outros factos, não me parecem tão eficazes, as medidas do Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social (MAPESS) que mediante um decreto, determinou a implementação do regime de Horário Único da função pública para: 08 ás 15:00.

 

Em termos práticos e segundo este modelo, trabalhar-se-ia apenas 3 horas, senão vejamos:

 

Entrada ás 08:00, é na prática 10:00 no mínimo e a saída ás 15:00, significa na realidade 13:00, visto que, depois do tão bem aproveitado intervalo para o almoço, as repartições principalmente as públicas, se encontram de facto “ás moscas” a partir das 13:00 em diante. Resultado: trabalha-se de facto 3 horas, quando assim sucede, o que é muito preocupante e sério.

 

Como citadino de Luanda e utente naturalmente da sua infra- estrutura, principalmente as rodoviárias; estudando o comportamento do caos que se vive nas vias e ruelas da nossa Kianda; visto não ser apenas a abertura de novas vias, que em si, levam naturalmente o seu tempo para estarem concluídas para atenuar o sofrimento dos utentes destas vias; sou de opinião que será necessário paralelamente á este esforço, que seja complementado com outras medidas alternativas para melhoria e segurança nas ruas de Luanda, onde não se excluem medidas mais radicais, mas com efeito producente.

 

Estas medidas passam necessariamente por alternativas tais como:

 

Novo horário de trabalho


Primeiro Turno: 07:30 ás 15:30


Segundo Turno:15:30 ás 23:30 

 

A primeira reparação em jeito de réplica que se apresenta, será, evidentemente a questão da segurança tanto nos locais de trabalhos como no transporte principalmente depois do fim da jornada laboral.


Para isso e tal como tem sido o método de governar adoptado pelo Chefe do Governo e Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, vamos criar mais uma Comissão Intersectorial, desta vez para criar condições de Segurança para o pessoal do turno da noite, não excluindo a Autoridade de Transportes de Luanda, afecta ao Governo Provincial de Luanda.

 

Está lançado o debate e o desafio. Espero que a discussão seja construtiva e que daqui de saiam mais idéias inovadores, mas não se esqueçam: este martírio nas estradas de Luanda merece um fim para que não acabemos aos poucos.