Cabinda - Há uma distinção metodológica entre política (aquela que implica a acção individual ou partidária com vista ao alcance do poder político e a sua manutenção ) e política (entendida como actividade cívica, que implica participação na vida política da cidade, do país, do bairro, mas, não visa o alcance o poder político).

Fonte: Facebook

O PAÍS É DE TODOS OS CIDADÃOS

Um sacerdote situa-se nesta segunda parte de entender a política não como luta pelo alcance do poder político, mas, como participação cívica responsável e responsabilizadora. Neste sentido, ele não faz campanha política para ninguém. Embora tenha as suas opções políticas, como qualquer outro cidadão, deve entender que o púlpito não é lugar de comício político, mas, de transmissão da palavra de Deus que deve iluminar a todos, a partir dele próprio.

 

Em função da sua condição, o sacerdote é, também, voz dos sem voz. Olha os acontecimentos humanos e naturais e exprime o seu ponto de vista iluminado pelo Evangelho, não se devendo calar quando há injustiças ou violações graves dos Direitos Humanos.


Criticar o desempenho de um governante ou de alguma instituição pública por não realizarem bem o seu trabalho é obrigação de qualquer cidadão e, inclusive, do sacerdote. Por isso é profeta por vocação e missão. E os políticos devem ouvir as vozes críticas como ocasião de melhorarem o seu desempenho. A Igreja, os sacerdotes, também devemos ouvir as vozes críticas para fazermos melhor o nosso trabalho.

 

Entretanto, os políticos desempenham uma função pública da qual devem prestar contas aos cidadãos que são donos do País e dos seus recursos. O país não é dos políticos! É de todos os seus cidadãos! É nosso!

 

A oração da Igreja não é selectiva! É para todos! Rezar por alma de Agostinho Neto, Jonas Savimbi, Holden Roberto ou Hitler é pedir ao Senhor, na fé, para que Deus os receba na sua glória. Não é mal nenhum. Deus fez-se homem por nós pecadores!

 

Portanto, quando estou doente, vou ao hospital e consulto um médico que pode ser doente! Mas, eu trato da minha saúde e ele deve tratar da dele. Para dizer que pode continuar a confessar e a comungar mesmo de um sacerdote 'doente'! Da saúde dele, ele deve cuidar!"


D. Belmiro Chissengueti, Bispo de Cabinda.