Luanda - Mais de 10 mil pessoas assistiram ao derradeiro adeus ao líder histórico da UNITA, Jonas Savimbi. Cerimónia em Lopitanga, terra natal de Savimbi, foi marcada por homenagens.

Fonte: Lusa

Dezassete anos após a sua morte em combate, a 22 de fevereiro de 2002, na província do Moxico, os restos mortas do fundador da União para Independência Total de Angola (UNITA), Jonas Savimbi, foram finalmente enterrados este sábado (01.06) na aldeia de Lopitanga, no norte da província do Bié.

Eram exatamente 14 horas, quando os restos mortais de Savimbi foram enterrados, na presença de familiares, militantes da UNITA, amigos e populares que se deslocaram até àquela localidade.

Os restos mortais de Jonas Savimbi foram entregues oficialmente à família e ao seu partido na sexta-feira (31.05), no município do Andulo, onde foi realizada uma inspeção aos restos mortais. Do Andulo, a urna seguiu, então, para Lopitanga para a cerimónia deste sábado (01.06), que decorreu no mesmo cemitério onde estão enterrados os pais de Savimbi.

"Angolanos são eternamente gratos"

O programa de homenagens tinha cerca de quatro horas. Ao proferir a leitura da homenagem fúnebre a Jonas Savimbi, o presidente da UNITA, Isaias Samakuva, disse que os angolanos são eternamente gratos a Savimbi, por ele ter dedicado toda a sua vida na luta pela libertação de Angola e dos angolanos ao ponto de pagar com a sua própria vida.

Samakuva disse, por outro lado, que Savimbi era um dirigente que amava Angola e que o país estava, para ele, acima de tudo e de todos. E recordou os esforços desenvolvidos pelo líder da UNITA, na década de 90, quando, mesmo contra a vontade da comunidade internacional, conseguiu introduzir o multipartidarismo em Angola, o que permitiu o largamento de liberdades democráticas como a liberdade de imprensa e o direito à associação.

Isaías Samakuva prometeu durante a sua intervenção que o seu partido vai honrar o legado do seu presidente-fundandor, contra aquilo que considerou ameaças dos tempos atuais, que são "a sangria dos valores e a sangria da identidade por via da corrupção", citando uma passagem de Savimbi: "Quando a pátria sangra, todo o sacrificio é pouco".

Para a UINITA, o seu líder foi durate muitos anos vítima de campanhas que visaram ofuscar a sua importância. Samakuva reconheceu que, como qualquer líder, Savimbi também cometeu erros, mas referiu que estes erros não anulam o seu contributo ao país.

Filhos falam sobre o pai

Falando em nome dos filhos, Tchaya e Helena Savimbi começaram por reconhecer o papel corajoso do Presidente João Lourenço, com a entrega dos restos mortais de Jonas Savimbi à família. E o papel do partido da UNITA, que não poupou esforços na realização das exéquias fúnebres de Jonas Savimbi.

Para os filhos, a realização do funeral do pai representa um ato de profunda significação. Eles retratam o pai como um homem profundamente político, que se preocupou com a defesa dos cidadãos menos favorecidos.

Savimbi, dizem os filhos, primava pelos valores da igualdade entre os cidadãos, e, apesar do pouco tempo disponível para a familia, exigia o empenho dos filhos nos estudos como única forma de vencer na vida. Para os filhos, Jonas Savimbi era um homem culto que se preocupava constantemente com a aprendizagem.

Reconhecimento político

Alguns políticos presentes na cerimónia deste sábado, em Lopitanga, enalteceram o papel de Jonas Savimbi na democratização e na defesa dos direitos dos angolanos. Para João Soares, político português e amigo de Savimbi, o antigo líder da UNITA foi um "homem de uma grandeza sem par, um homem que esteve no interior do país e que conseguiu sobreviver a grandes campanhas de difamação".

Outo político que conheceu bem Jonas Savimbi é Samuel Chiwale, antigo companheiro de armas e co-fundador da UNITA. Para Chiwale, Savimbi é uma figura por se descobrir, pois "há muita coisa sobre Savimbi que a socieade desconhece".

"Precisamos divulgar a personalidade e o pensamento de Savimbi, que infelizmente os jovens e a sociedade não conhecem", frisou.

Em representação da coligação eleitoral CASA-CE, Manuel Fernando coloca Savimbi nos anais da história política angolana e, por isso, defende a necessidade de reconferir a Savimbi e a outros heróis, como Agostinho Neto e Holdén Roberto, um tratamento digno à sua personalidade.