Lisboa - A impreparação para o serviço de emergências da Clínica do Alvalade (por exemplo, falta de ambulâncias) e a incúria do seu corpo clínico (inobservância de regras éticas e dentológicas, verbis gratia) provocou, na semana passada em Luanda, a morte do reputado escritor e aclamado etnomusicólogo angolano Jorge Macedo.


Fonte: http://jorge-eurico.blogspot.com/


Jorge Macedo foi vítima de uma "edema agudo de pulmão", uma situação clínica grave mas que, segundo especialistas, é de fácil tratamento contanto que o estabelecimento médico a que se recorre reuna os requisitos técnicos e humanos mínimos para ser digna deste nome, o que não parece ser o caso da Clínica do Alvalade.

 

O historial da Clínica do Alvalade é longo e de episódios tristes e negros como a nossa noite colonial de triste memória. Por isso não admira que por falta de meios e técnicos capazes tenha privado Angola de um homem que, com o seu saber e inteligência, (também) deu muito para o País, Jorge Macedo.

 

O Ministério da Saúde deveria ter tomado uma posição pública tal como o fizera num passado recente quando uma paciente morreu à porta do hospital "Américo Boavida" pelo facto de os médicos de serviço se terem recusado a assisti-la. O titular da Saúde, neste caso, puxou dos seus galões e fez rolar cabeças.


O mesmo deveria acontecer com a Clínica do Alvalade. José Van-Dúnem deveria ordenar, se necessário fosse, o seu encerramento, pois os dedos das mãos e dos pés de duas pessoas não chegam para contar quantos angolanos (e estrangeiros) já perderam as suas vidas debaixo daquele tecto e às mãos dos seus técnicos.


Não é crível que a Clínica do Alvalade não tenha uma ambulância ao seu serviço para evacuar um paciente que esteja critico para uma outra clínica a tempo e horas. Não é aceitável que na Clínica do Alvalade (uma das mais emblemáticas da capital angolana) os pacientes ainda morram de "edema agudo do pulmão", como foi o caso do escritor e etnomusicólogo Jorge Macedo.

 

O edema agudo de pulmão é uma grave situação clinica, de muito sofrimento, com sensação de morte iminente e que exige atendimento médico urgente. São causas de edema agudo de pulmão infrato do miocárdio (a causa mais comum), disfunção do músculo cadíaco, doenças das válvulas, aórtica ou pulmonar, administração e administração exagerada de líquidos, comum em crianças ou pacientes que recebem líquidos (soros) em excesso pelas veias.

 

É possível evitar o edema agudo? Não, mas os riscos podem ser diminuidos pelo pronto tratamento e pela condução adequada das doenças que podem levar ao edema agudo. O que, infelizmente, não aconteceu na Clínica do Alvalade com o saudoso, malogrado (mas sempre) amado mestre Jorge Macedo