Luanda - Morreu José Patrocínio que inscreveu o seu nome no panteão nacional, por se ter afirmado como um destacado construtor do Estado de Direito e da Democracia, com enfoque na defesa dos Direitos Humanos!

Fonte: Club-k.net


O que grita estridentemente aos ouvidos da nossa alma são a simplicidade e a humildade de José Patrocínio, um ser culto e competente, pela obra que deixou!


Sabemos que José Patrocínio, tal como vários membros da comunidade de defensores de Direitos Humanos angolana, sofreu discriminações, certas e determinadas guerrinhas protagonizadas por agentes públicos. Não é menos verdade que o poder instituído em Angola, a liderança do MPLA, tudo fez para desacreditar a comunidade de defensores de Direitos Humanos, não se coibindo mesmo de implementar uma estratégia, fracassada, de substituição das organizações da sociedade civil por organizações-apêndices do MPLA.


José Patrocínio defendeu os Direitos Humanos com recurso ao método, absolutamente, pacifista, interagindo com as instituições autoritárias do Estado angolano, na lógica da transformação paciente das mesmas.


O angolano José Patrocínio, que partiu desta vida ainda tão cedo, na nossa modesta opinião, tornou-se, por mérito próprio, um modelo de cidadão e activista, um modelo de defensor dos Direitos Humanos.


Entendemos que, no quadro das reformas que se propôs implementar, o senhor Presidente João Lourenço perdeu uma oportunidade de, por via de uma nota de condolências da Presidência da República, prestar o devido reconhecimento e homenagem a José Patrocínio, pela pedra, consistente, que com o seu trabalho colocou no edifício da Democracia e do Estado de Direito angolano!


João Paulo Ganga deu visibilidade a uma prática social, correcta e edificante, de reconhecer o mérito das pessoas independentemente da sua filiação partidária, da sua raça, do seu sexo, da sua etnia, do seu credo religioso e da sua ideologia. Feito que se tornou relevante, por fazê-lo na televisão, um meio que atinge milhares senão mesmo milhões de pessoas.


Essa prática assume uma dimensão política de grande alcance e consequências positivas para a criação da cultura da tolerância e do reconhecimento do mérito individual e colectivo, se o Presidente da República tiver a coragem de reconhecer, sem discriminação e com justiça, todas aquelas e todos aqueles que em vida, pela sua obra, tiverem posto a sua pedra na edificação do grande edifício que é Angola! E José Patrocínio, por justiça, merece de facto esse reconhecimento!!


Serra Bango
Fernando Macedo