Luanda - A entrevista concedida recentemente à Televisão Pública de Angola (TPA) pela ministra do Turismo, Ângela Bragança, devolveu-me à memória a épica tragédia do navio “Titanic”, que, antes de naufragar - depois de ter colidido com um iceberg no meio do oceano Atlântico Norte - “meteu água por todos os lados”, respondendo as perguntas do jornalista Alexandre Cose com uma prédica recheada de “non-sense”,  contrária à realidade do País e desfasado do Plano Director do Turismo (PDT). Ficou igualmente claro que Ângela Bragança percebe de turismo tanto quanto o autor destas linhas percebe de...Mandarim (chinês).


Fonte : Club-k.net

Na entrevista que teve a duração de mais de uma hora no canal de televisão público, Ângela Bragança  deixou a nu que o Executivo de João Lourenço não tem uma Estratégia Nacional para o Turismo. A interlocutora do jornalista Alexandre Cose revelou  estar impreparada para conduzir o referido departamento ministerial, que se dirigido por um quadro que conhecesse o sector de “cabo a rabo”, bem poderia  ajudar a materializar a ideia de  diversificar a Economia do País.


Todavia, tal só seria exequível se Ângela Bragança não tivesse complexo de se fazer rodear de quadros com capacidade para planificar e criar condições para o desenvolvimento do sector do Turismo, o que, desafortudamente, não é o seu caso. A ministra do Turismo, está provado, é avessa à competência e a quadros competentes, tanto assim que tem dificuldades de reconhecer o trabalho . Por exemplo, Angola acolheu o Fórum Mundial do Turismo que deveria ser aproveitado para revelar que planos o sector tem a curto e médio prazos para ombrear com países da região como a Namíbia e a África do Sul.


O Fórum Mundial do Turismo foi realizado na capital angolana com muita pompa e, convenhamos,  pouca circunstância; foi, na verdade, um evento que ficou muito aquém das expectativas, apesar de se ter gasto muito dinheiro para que a organização fosse materializada.  Ora se a ministra tivesse visão política,  estratégica e diplomática teria aproveitado o momento para homenagear o “Primeiro Ministro” da Hotelaria e Turismo da República de Angola, Jorge Valentim, Paulino Baptista, actual embaixador de Angola junto do Vaticano, e outros quadros pela sua visão, imaginação e entrega abnegada ao sector durante o seu consulado. Quadros que quando a ministra chegou ao sector decidiu, por capricho e “falsas vaidades”, afastá-los ou coloca-los simplesmente na “prateleira dos diversos”. São quadros que bem poderiam ajudar a sugerir caminhos e pistas para uma reflexão mais consistente sobre o Turismo.


Mas Ângela Bragança “está nem aí!”, como dizem os nossos irmãos do outro lado do Oceano. A prova de que “está nem aí” tem a ver com o facto de a ministra a quem João Lourenço confiou a pasta do Turismo não pensar que o sector é essencial para o desenvolvimento e crescimento do País. A ministra ignora, por exemplo, que o turismo pode ser um factor de coesão social e de correcção das assimetrias regionais. Com Ângela Bragança no comando, o Turismo angolano está longe de ser sector gerador de escalas e de oportunidades de desenvolvimento sustentável do País. A confirmar isto está o facto de durante uma hora no espaço “Grande Entrevista” da TPA não ter revelado, por exemplo, qual é - passados quase 20 anos desde o final da guerra - a contribuição do sector do Turismo para o Produto Interno Bruto (PIB).