Lisboa - Altos funcionários da antiga direcção dos Serviços de emigração e estrangeiros (SME) com destaque, a ex directora, Joaquina da Silva “Quina” (na foto) foram mandados para cadeia de Viana esta Quarta feira (07) em Luanda. A medida vêem na seqüência de um processo de sindicância instaurado em 2006 pelo PR e efectuado pela inspeção geral da administração do Estado (IGAE).
Fonte: Club-k.net
Arrisca-se a cumprir pena de 16 anos de prisão
A decisão da prisão foi tomada pela 5 secção do tribunal provincial de Luanda. A mesma esta sendo em meios competentes/jurídicos considerada como ilegal e de natureza não excta, na medida em que os ex dirigentes do SME não foram ouvidos ainda em tribunal.
A antiga direcção liderada por “Quina” da Silva foi, na altura, acusada de negociatas de desvio de 15 milhões de dólares, manipulação de vistos de trabalho pondo em risco a segurança de Estado e de fazerem constar fantasmas nas folhas de salários da instituição. Fazem parte dos detidos, do grupo de antigos responsáveis do SME, Rui Neto como ex - DG adjunto, Hermenegildo Licachi como ex - chefe de departamento de planificação e finanças e Mariano Supu, ex - chefe da unidade área de Luanda. Passados seis meses do afastamento do grupo teria sido enjaulado, Firmino Quisseke, ex chefe de repartição de investigação e fiscalização.
“Quina” da Silva é uma figura com relações estreitas a primeira dama, Ana Paula dos Santos. Uma semana antes da sua detenção foi posta ocorrente que o seu processo estava a correr de forma acelerada dando indicações que algo estava por acontecer. Não há ainda dados precisos que permitem fazer leitura mais habilitadas do que terá ocorrido para que levasse o regime a fazer recurso a este processo para se vingar da mesma semelhante ao que aconteceu com o antigo DG do SIE, Fernando Miala. Contudo foram registrados as seguintes ocorrências após a sua saída do grupo SME que indicam estar-se de um caso propositado humilhá-la.
- O documento da sua exoneração foi assinado pelo então Ministro, Serra Van-dunem quando a mesma esta fora do país, em Israel, em superação profissional
- Sindicância instaurada pelo próprio PR sinal claro de corte de relações com o circulo presidencial
- Foi expulsa do Ministério do Interior e impedida de trabalhar na função publica
- Sem ter havido ainda processo criminal, o Inspector do Ministério, Edgar José dos Santos fez lhe uma convocação de comparecimento através das paginas do Jornal de Angola; o procedimento de exposição foi visto como humilhação da mesma uma vez que poderia se ter notificado por intermédio de uma carta
- Foi lhe confiscado alguns bens, com realce a uma “grande” residência na Maianga tendo a mesma regressado para a sua casa no condomínio da Gamek
- A mesma se afastou das amizades mais chegadas no sentido de não “prejudicar ninguém”, dando azo a interpretações de que para além do "caso SME", estaria ocorrer outros problemas por detrás do caso em referencia.
- Esta na mesma cela que esteve Maria da Conceição Domingos, a ex directora da Contra Inteligência do SIE
Nos últimos tempos ocorreram em bastidores pressões em círculos do regime no sentido de dar prosseguimento ao julgamento da mesma, de entre as quais; as posições de altos dirigentes do regime e próximos a Casa Militar, a saber:
- Pressão feita publicamente ao tribunal pelo Ministro do Interior, General Roberto Leal “Ngongo”, por ocasião das festividades do ministério em Julho passado
- Posição feita pelo Procurador-Geral, General João Maria de Sousa, no Namibe manifestando desconhecer os motivos do não julgamento dos elementos envolvidos no caso SME.
Formada em direito e natural de Benguela, Joaquina da Silva foi uma das senhoras mais poderosas do regime enquanto responsável do SME e com acesso permitido ao palácio presidencial. É madrinha de Joseane dos Santos, a filha mais nova do Presidente da Republica. Era também vista como uma das monitoras em matérias de inteligência da Primeira dama. Nos últimos anos viu-se afastada do palácio presidencial na seqüência de intrigas segundo a qual a mesma teria facilitado a vetação de outras figuras ou amizades do circulo próximo da primeira dama.
Caso for julgada e declarada culpada arrisca-se a cumprir pena de entre 12 a 14 anos de cadeia, de acordo com as molduras penais em Angola.