Lisboa - As autoridades angolanas mandaram para casa, esta sexta feira, o antigo Chefe do Serviço de inteligência externa, Fernando Garcia Miala que estava a receber tratamento hospitalar numa das unidades clinicas de Luanda encerrando assim o processo que se impunha contra a sua pessoa.
Fonte: Club-k.net
Antigo patrão da secreta
em fase melindrosa
De acordo com informações habilitadas, a soltura de Fernando Miala esta na base da “retificação” de uma omissão tida “propositada” a margem do indulto presidencial emitido em Abril passado em alusão ao aniversario da paz.
Na altura a copia do documento posto a disposição das autoridades judiciais trazia uma linguagem “inteligente” com interpretação “dupla” ao qual os tribunais optaram pela a que ia ao encontro de leituras feitas da vontade do regime. Na seqüência do esclarecimento da real interpretação do documento foram libertados prisioneiros que haviam cometidos crimes de natureza militar; com realce a Fernando Lelo, solto nas ultimas semanas de Agosto.
Em verificação esta uma versão sustentado que a soltura de Fernando Miala foi ditada no levantamento do “momento oportuno” tendo em conta ao seu estado de saúde que se diz resultar de drogas exageradas de anti paludicos. No ver, de personalidades entendidas na matéria e que o visitaram, o mesmo teria sido alvo de uma substancia estranha no seu corpo tendo em conta as características que apresentava como “estado de delírio” pondo a falar coisas sem nexo e “perca de sentido” que levantou rumores de que tinha morrido.
Razões adicionais que ditaram a soltura de Miala
- Seu estado de saúde melindroso ao qual o regime receava que acontecesse uma fatalidade que provocaria ma imagem para as autoridades.
- Cumprimento da metade da pena ao qual deveria ser solto em Julho passado.
- “momento certo” tendo em conta o aproveitamento de charme; estão a ser espalhados rumores propositados a anunciar, em meios jurídicos do regime de que o mesmo saiu por decisão de um indulto presidencial”, após a constatação de que o mesmo não incorreu contra algo que atenta-se a lealdade de JES e de que Fernando Miala foi, de facto, alvo de uma cilada por parte de opositores dentro do regime.
- Criação de tempo oportuno para saída no sentido de apontar responsabilidades do prolongamento da sua detenção a outras figuras já verificadas nas informações que acabaram por apontar o General Zé Maria por intermédio do General Filomeno Peres “Filó” como os empecilhos da liberdade de Garcia Miala.
Em simultâneo ao procedimento da liberdade que estava programada foram por outro lado registrado sinais de aproximação que Fernando Miala vinha tendo com JES mesmo a partir da cadeia.
A Saber:
- Familiares de F Miala haviam sido chamados na cidade alta para serem informados a cerca de uma versão interna “dos factos” tendo os mesmos se conformado de inicio de que a prisão do irmão era um assunto “entre eles” e que seria soluçado em breve.
- Na seqüência da aproximação a nível familiar, uma irmã mais nova do mesmo, “São” Miala e que já era ligada as sobrinhas de JES, a partir do exterior onde estudaram juntas, voltou a ter abertura naquele meio familiar. No dia 20 de Agosto de 2008 foi vista no casamento de um sobrinha de JES, Martinha Santos Sousa, ocorrido num restaurante em Luanda, Jango Veleiro.
- Ocorrência de um atribuído contacto por intermédio de Mendes de Carvalho ao qual era portador, na cela de Miala na cadeia de Viana, de uma mensagem verbal “de cima” coincidindo, em seguida, com informações postas a circular em meios da segurança segundo a qual Fernando Miala teria recusado um pedido de desculpas publicas em troca da sua liberdade
- Rumores em meios restritos do circulo presidencial (do desconhecimento de Kopelipa e Zé Maria) alimentando de que JES e Fernando Miala estariam a ter “bom entendimento” via telefone. Dando também consistência de que o antigo DG da Inteligência externa tinha, na cadeia, a sua disposição uma linha “secreta” com acesso ao telefone privado do PR.
Tais contactos foram prenunciadores da atitude que Fernando Miala mantinha “fiel” a JES quando lhe chegavam informações por vias de jornais que responsabilizavam a sua permanência na cadeia como efeito da vontade do PR em castigá-lo. No pensamento identificado em Miala foi de que a sua detenção deveu-se mesmo a uma cabala de elementos hostis a si levando-lhe a manter se confiante nos procedimentos de JES consubstanciado na idéia de que o “chefe” agiria em momento certo.
Em saturação por efeito da promessa feita na “cidade alta” da soltura de Garcia Miala e de registros de ocorrências estranhas, os familiares recorreram as rádios para fazer pressão de forma mais avançada invocando o seu estado de saúde. Fernando Miala deve deslocar-se, em breve para a África do Sul para dar continuidade aos cuidados médicos.
Antes da soltura, o regime havia criado condições e plano para que fosse assistido numa cadeia hospitalar neste país sobre um controle cerrado. Os familiares entraram em objeção com o regime tendo em conta a outros antecedentes com destaque a um sobrinho de Jonas Savimbi, Arlindo “Ben Ben” enviado pelas autoridades angolanas a Pretoria para tratamento medico e morto em moldes identicos. Na Altura sectores de inteligência da África do Sul contactaram o então SG, da UNITA, Lukamba “Gato” avisando que o General “Ben Ben” iria morrer por ter sido infectado com bactérias feitas em laboratórios.
Fernando Miala em fase melindrosa
De acordo com o "Africa Monitor Inteligence" o estado de saúde de Fernando Miala é considerado delicado no parecer de uma junta de dez médicos, nove angolanos e um cubano; é esta a razão de ser da permissão do Tribunal Militar Superior de Angola (TMSA) para o mesmo se ausentar para o estrangeiro em busca de tratamento – África do Sul, é país previsto.
Tendo em conta práticas do antecedente consideradas demonstrativas de uma linha de constante interferência do regime no tratamento judicial do caso de F Miala , a decisão do TMSA é, de facto, remetida para orientações/influências exercidas pela PR (conduta justificada por imperativos políticos e de segurança interna).
O factor determinante da decisão que autoriza F Miala a ausentar-se para o estrangeiro é a suposição de que poderá não recuperar do seu estado de saúde. O ónus para o regime de um desenlace fatal seria maior se o mesmo ocorresse no país e, sobretudo, se não tivessem sido atendidos pedidos da família para o seu tratamento no estrangeiro.
A natureza dos padecimentos de F Miala é objecto de especulações desencontradas, uma das quais é envenenamento. Ao longo do seu tempo de cárcere, desde 2007, F Miala limitou a sua alimentação a mantimentos provindos de casa – uma atitude indicativa de receios de envenenamento baseados no conhecimento que tem da matéria.
F Miala, ex-DG do SIE-Serviço de Inteligência Externa foi uma figura preponderante do regime e do círculo presidencial. O seu abalizado conhecimento de sensíveis segredos do regime e o uso que eventualmente lhes poderia dar fora do país, ditou sempre a tomada de medidas activas visando impedir ausências para o estrangeiro.
Há indicações segundo as quais F Miala, agindo por efeito dos primeiros pressentimentos de que iria ser afastado, terá tratado de pôr a bom recato, no estrangeiro, documentos destinados a garantir a sua segurança pessoal (instruções para os divulgar em caso de circunstâncias adversas).
Face à eventualidade da sua libertação, em Jul.09 (AM 398), foram accionadas medidas operativas destinadas a prevenir eventuais tentações de fuga. Uma dessas medidas consistiu em instalar na viatura que seria posta à sua disposição sistemas electrónicos de escuta e de localização geográfica.
O caso F Miala é tido como um factor de desgaste da superestrutura do regime, em especial do PR, José Eduardo dos Santos (JES); as razões usualmente enunciadas são as seguintes:
- Ficou demonstrado que JES está “refém” do núcleo que vela pela sua segurança pessoal; as razões apresentadas pelo referido núcleo para justificar o afastamento de F Miala careciam de solidez (acusado de implicação em planos sediciosos; condenado por mera insubordinação).
- JES também demonstrou frieza e ingratidão face a um dos seus mais fiéis servidores de sempre; aceitou o seu afastamento compulsivo, seguido de medidas como o seu despatenteamento militar (uma conduta com eventuais repercussões negativas na confiança futura de outros servidores).
- Figuras e grupos de primeiro plano do regime que no passado cultivavam o convívio com F Miala na expectativa de favorecimentos pessoais e outros, passaram a ignorá-lo e/ou a ostracizá-lo.
F Miala foi a dada altura do seu consulado no círculo presidencial identificado como segunda figura do regime. A reputação radicava na sua pertença ao círculo íntimo de JES e na capacidade de influência que irradiava. Gozava de popularidade, em parte devida a atitudes de apoio e benemerência social.