Luanda - A Associação Íris Angola, única associação LGBT no país, manifestou-se hoje preocupada com o "aumento dos níveis" de VIH/SIDA que "continua a se registar no seio da comunidade", apelando às autoridades que dediquem "atenção especial" ao grupo.

Fonte: Lusa

"Continuamos preocupados por causa os níveis de infeção por VIH/SIDA que continuam a aumentar e apesar de alguns projetos de saúde estarem em curso têm tido pouco impacto na questão das novas infeções por falta de abordagem de comunicação e informação", disse hoje à Lusa, Carlos Fernandes, director da Associação.

Falando à margem de um workshop sobre balanço da subvenção VIH do Fundo Global 2016-2018 a Angola, promovido, em Luanda, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) exortou o Governo angolano a "prestar atenção a esse grupo alvo".

Segundo Carlos Fernandes, diretor e co-fundador da associação, legalizada pelo Governo angolano em junho de 2018, a abordagem do VIH/SIDA a nível da Íris está dividida em duas partes, nomeadamente aos "membros da comunidade e os respetivos parceiros".

"Dividimos em duas partes, que é a nossa comunidade e os parceiros que se envolvem com pessoas da nossa comunidade. Então, nessa proporção os níveis de VIH continuam a aumentar bastante em alguns casos são três ou 4 vezes maior do que na população", apontou.

"Mas o Governo está a esquecer essas populações e focando-se apenas em mulheres grávidas", assinalou o líder da associação que controla em Angola mais de 600 lésbicas, gays, bissexuais e transexuais.

As autoridades angolanas anunciaram hoje que das cerca de 310.000 pessoas que vivem com VIH/SIDA no país, apenas 75.000 fazem o tratamento antirretroviral, manifestando-se preocupadas com a "elevada taxa de abandono de cerca de 50%".

Segundo o secretário de Estado para a Saúde Pública de Angola, José Vieira da Cunha, a taxa de prevalência de VIH/SIDA no país é de 2,0%, afirmando que "determinantes sociais e a crise económica impediram os progressos da expansão do diagnóstico e tratamento" da epidemia.