Luanda - O Governo angolano considerou hoje que a capacidade do Estado para socorrer o Banco de Poupança e Crédito (BPC), maior banco de capitais públicos angolanos, "atingiu o seu limite", pedindo "elevado sentido de rigor e exigência" à nova gestão.

Fonte: Lusa


"Tenhamos bem presente que a capacidade do Estado para socorrer o BPC terá mesmo atingido o seu limite. O Estado não poderá mobilizar e injetar mais recursos, perante uma instituição que não logrou reverter a sua situação, mau grado todos os esforços realizados", disse hoje o ministro das Finanças angolano, Archer Mangueira.

Falando hoje na sede do ministério que dirige, no centro de Luanda, após conferir posse ao novo conselho de administração do BPC, agora presidido por António André Lopes, exortou a nova administração a dar "um novo rumo" ao maior banco comercial do Estado.

Em 2017, o BPC registou um buraco de 5.200 milhões de dólares de ativos com baixo desempenho e em incumprimento, essencialmente crédito malparado, o segundo pior registo da história da banca em Angola.


Em menos de quatro anos, o BPC conta já com o quarto conselho de administração eleito esta semana pelos acionistas.

António André Lopes é o novo presidente do conselho de administração em substituição de Alcides Horácio Safeca.

Como administradores executivos, foram nomeados Vitor Cardoso, Marília de Fátima Vinha Peças, Cláudio Pinheiro Macedo e Emanuel Inocêncio Leopoldo, também hoje empossados.

Ismael Gaspar Martins é o novo presidente da mesa da assembleia geral do BPC.

Sem avançar o montante, Archer Mangueira recordou que "toda a situação que exigiu o resgate e a reestruturação do BPC foi provocada no passado". Mas, observou, o "futuro terá de ser bem diferente".

Segundo o governante, o novo rumo do maior banco de capitais públicos angolanos tem de ser "claro e sustentável", referindo que "é mais necessário e urgente a aceleração do processo de reestruturação e saneamento do banco, aplicando todas as medidas necessárias", por "mais impopulares que sejam, para colocar os rácios dentro dos parâmetros definidos pelo supervisor".

"O BPC tem de contribuir, e de forma destacada, para o desenvolvimento económico do país, prestando bons serviços aos seus clientes", frisou.

Na sua intervenção, Archer Mangueira exortou também o novo conselho de administração do BPC, agora reduzido a cinco membros contra os dez anteriores, a "implementarem bons princípios e boas práticas de governação corporativa".

Para o ministro, a nova administração terá uma "missão muito exigente", observando que no esforço da consolidação do sistema financeiro o Estado já injetou no banco "recursos de uma magnitude antes impensável".

"Tem sido um esforço colossal, com repercussões nas contas públicas, na vida dos contribuintes, em geral, na vida de todos os angolanos. Se o Estado não tivesse injetado recursos avultados ao BPC, poderia tê-los usado na melhoria da condição de vida dos cidadãos", referiu.

"Não saberíamos, com toda a certeza, quanto custaria uma falência do banco. As consequências diretas para os seus trabalhadores e para os seus clientes teriam sido dramáticas", adiantou, reiterando que o banco "não pode ser um fardo para o Estado".

O Estado angolano é acionista do BPC, através do Ministério das Finanças (75%), do Instituto Nacional de Segurança Social (15%) e da Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas (10%).

Nesta cerimónia, Archer Mangueira também conferiu posse o secretário executivo do Conselho Nacional de Estabilidade Financeira (CNEF), Luzolo Adriano Neto Espírito Santo de Carvalho.