Luanda - O presidente da Assembleia da República de Portugal declarou hoje, em Luanda, que Angola vive uma "nova fase", defendendo ser necessário que "todos os democratas apoiem" o país e o chefe de Estado angolano.

Fonte: Lusa

Eduardo Ferro Rodrigues falava aos jornalistas momentos depois de chegar ao princípio da noite a Luanda para uma visita oficial, a convite do homólogo angolano, Fernando da Piedade Dias dos Santos ('Nando'), bem como participar, terça-feira, na abertura da IX Assembleia Parlamentar da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

 

O "número dois" da hierarquia do Estado português, questionado pela agência Lusa sobre como vê a atual governação de Angola desde que João Lourenço assumiu, em setembro de 2017, a presidência do país, considerou que Portugal a acompanha "com uma expectativa muito positiva".

 

"Realmente, toda a abertura que se tem dado no terreno político e cultural é bastante percetível para quem está fora, mas agora, estando cá, vou poder conhecer melhor esta situação. Angola é um grande país, sempre foi um grande país, nosso amigo, amigo de Portugal, desde a altura de independência. Mas neste momento estamos uma fase nova e é preciso que todos os democratas apoiem Angola e o seu presidente [João Lourenço]", afirmou Ferro Rodrigues.

 

O presidente do Parlamento português lembrou que, no passado, teve "variadíssimas funções políticas", no Governo, na Assembleia da República, como secretário-geral do Partido Socialista (PS) "e até fora do país", razão pela qual considerou estarem agora reunidas as condições "de gosto e de apoio" para visitar a Angola de João Lourenço.

 

"Achei que havia todas as condições de gosto e de apoio a esta nova situação que existe com João Lourenço em Angola. Tive a felicidade de ter aceitado o convite que lhe fiz para falar no Parlamento [português, em novembro de 2019]", sublinhou.

 

Ferro Rodrigues salientou que João Lourenço foi o único chefe de Estado, além do rei de Espanha, Felipe VI, que, na atual legislatura, intervieram no Parlamento português.

 

"Aliás, foi uma intervenção histórica. Para mim, é uma grande satisfação por, na medida do possível, contribuir para o desenvolvimento democrático em Angola", sublinhou, lembrando que, durante a sua estada, já na sexta-feira, terá um encontro com o homólogo angolano, em que se prevê que sejam reforçados os vários acordos existentes entre os dois parlamentos.

 

Por outro lado, ainda nas declarações aos jornalistas, Ferro Rodrigues fez questão de contar que os seus avós paternos trabalharam em Angola a partir de 1924, ano em que, precisamente, nasceu o seu pai, em Luanda.

 

"Esta visita é também, para mim, muito emocionante por um motivo que é bastante desconhecido em Portugal. Em 1924, os meus avós paternos vieram trabalhar para Angola, o meu avô para o Banco de Portugal e a minha avó como professora primária, e foi aqui que nasceu o meu pai, que infelizmente morreu já há alguns anos, mas que nasceu aqui em Luanda em 1924. É para mim uma emoção muito grande poder estar aqui", contou.

 

Durante a estada em Luanda, e além do encontro, sexta-feira, com Fernando Dias dos Santos, o presidente do Parlamento português participará nas conversações oficiais entre as duas delegações e efetuará uma visita ao Palácio da Assembleia Nacional de Angola, a que seguirá um almoço oficial oferecido pelo homólogo angolano.

 

À noite, a agenda do primeiro dia da visita termina com uma receção oficial oferecida pelo embaixador de Portugal em Luanda, João Caetano da Silva.

 

Sábado, Ferro Rodrigues efetuará uma deslocação ao Memorial António Agostinho Neto e visitará o Museu Nacional de História Militar de Angola, estando, domingo, reservado para um programa elaborado pela missão diplomática portuguesa.

 

Segunda-feira à tarde, Ferro Rodrigues tem um encontro com o Governador Provincial de Luanda, Sérgio Luther Rescova Joaquim, e no dia seguinte, participa, de manhã na abertura dos trabalhos da IX Assembleia Parlamentar da CPLP.

 

Está prevista a possibilidade de Ferro Rodrigues ser recebido em audiência pelo Presidente angolano, embora a data esteja por confirmar, uma vez que João Lourenço, depois de uma visita de Estado a Cuba, optou por permanecer até domingo em Havana para uns dias férias.