Gabela - O tema desta exposição, ora começado é sobre a abordagem filosófica do funcionamento interno da escola. Sendo um tema vasto quanto a sua abordagem, vou explora-lo desde o ponto de vista hermenêutico do termo.


Fonte: Club-k.net


Constatação. “Um professor apanhou o aluno a fazer cábula, e pediu que o suposto aluno abandonasse a turma, o aluno negou a autoridade do professor e a turma reclamou dizendo que se o colega sair todos sairemos. Ouvindo isto o professor tranquilizou-se como se nada tivesse acontecido. No final da prova chamei o professor e questionei o porquê da não retirada do cabuloso, no que ele me respondeu, sou democrata e faço tudo para satisfazer a vontade dos alunos.”


Questão. Será mesmo que este professor é um democrata? Ou liberalista?
Muitos professores aproveitam-se da situação em nome da democracia para fazer passar a sua incompetência.


A palavra escola, tem o seu étimo grego scholé, que tem como primeiro sentido, tempo de lazer; outro sentido, lugar onde o conhecimento é administrado. Deste modo os nossos dirigentes são ortodoxos isto porque fazem de uma árvore uma sala de aula.


A palavra democracia deriva de dois termos grego, demos = povo e cratia = poder. Democracia tem como significado uma forma de governo na qual o poder emana do povo. Se a democracia é, o governo do povo, então a escola democrática é a escola governada pelos alunos? É vox populi ou vox dicipulis? Ou será então a escola governada pelos professores? Quando uma escola é governada pelos professores, estamos perante a escola autoritária. Permitir tudo em nome da democracia é liberalismo. A escola democrata o poder reside nos alunos através da cooperação entre professores e alunos, através de criação de comissão de estudantes mas controlada e regulada pelo conselho escolar e este pelo ministério da educação.


Dizem-me que a escola será democrática na medida em que assegurar que todos os alunos, independentemente de origem social ou económica, terão as mesmas oportunidades de desenvolver, através dela, o seu potencial. Então, devo dizer que a escola está a falhar rotundamente na sua missão.

 

Quem tem em si o potencial para vir a ser um excelente mecânico, ou um excelente agricultor, precisará de instrumentos de aprendizagem diferentes de quem tem em si o potencial para vir a ser um excelente médico ou um fabuloso biólogo, que, por sua vez, serão diferentes dos necessários a quem tenha o potencial para vir a ser um excelente pintor ou um escritor de renome e por aí adiante.
Cristiano parafraseando Lourenço Filho diz que a escola psicopedagogicamente adequada significa já a democratização social. Trata-se do processo de adaptação do homem ao meio.
 
 
 
Ideal de uma escola democrática
1)      Procura adaptar-se e responder as necessidades de aprendizagem dos seus membros.
2)      Celebra a diferença como recurso
3)      Satisfaz as necessidades psicológicas de base dos seus membros.
4)      Considera o conhecimento da criança que aprende.
 
Será que as escolas angolanas se revejam nestes moldes? Penso que não. E prova disto é o grande abismo que existe entre a prática e teoria no que tange a educação.
Assim se expressa na lei de base do sistema da educação no seu no VI artigo, “que a educação tem carácter democrático pelo que, sem qualquer distinção, todos os cidadãos angolanos têm iguais direitos no acesso e na frequência aos diversos níveis de ensino e de participação na resolução dos seus problemas[1]”.(L.B. S. E, art.nº6)
Desde este ponto de vista (teórico) não encontramos maior dificuldades, mas a grande questão é, como é que um individuo é capaz de participar na resolução dos seus problemas, se os professores hodiernos e não só, mutilam os seus alunos, como pode o aluno participar na resolução dos seus problemas se os professores devoram os seus discípulos, como pode o aluno participar na resolução dos seus problemas se, numa só palavra os professores afunilam o olhar e o pensamento?


Ad hoc é necessário e urgente uma formação adequada, primeiros aos professores, isto para saberem lidar e integrar os seus alunos. Integrar alunos com problemas de aprendizagem numa turma não é mau. Até é bom: faz de todos os alunos dessa turma melhores pessoas. Mas integrar esses alunos sem que o professor tenha recebido preparação para trabalhar com ele e sem entender que a turma terá que ser reduzida, é o mesmo que relegar o pobre aluno para uma espécie de limbo – o professor não sabe trabalhar com ele e ele não consegue aprender o que o professor ensina.

 

Penso que a maior parte dos nossos professores ainda estão imbuídos na pedagogia tradicional, uma concepção educativa fundada na autoridade do adulto, associada tanto com uma valorização da disciplina como com um conceito transmissivo do saber no qual o mestre é aquele que sabe, e o aluno recebe o ensinamento.