Luanda - Um cenário de alteração de estatutos na Unita, capaz de colocar Isaías Samakuva na luta pela Presidência de Angola em 2022 mesmo fora da liderança do seu partido, é admitido como proposta para as teses do congresso, mas também criticado por uma franja que se opõe ao que chama de subterfúgios na hora do adeus.

*João Marcos
Fonte: VOA

Ao afastar a ideia de recandidatura no congresso ordinário a realizar-se entre 13 a 15 de Novembro num desmentido à imprensa portuguesa, o presidente cessante admitiu um cenário que pode dividir certos sectores do partido.

 

Entretanto, o membro do Comité Permanente, o deputado Alberto Ngalanela afirma que vozes externas procuram cisões na Unita por via do congresso, mas realça que as teses não vão dividir a estrutura partidária.

 

‘’Muitos se calhar querem ver o nosso partido na situação do MPLA, de cisões, mas não vai acontecer, mesmo com o cenário que prevê reajustes nos estatutos. Vamos ver o que diz a maioria’’, adianta o secretário na província de Benguela.

 

À VOA, o general Abílio Kamalata Numa, que diz ter projectos para um ‘’galo negro’’ a cantar alto, lamenta que Samakuva esteja a acenar para as eleições gerais, quando antes defendia o presidente do partido como cabeça-de-lista enquanto outros apresentavam ideias opostas.

 

‘’Seria o que todos os africanos fazem, isto é, quando governam muito tempo arranjam subterfúgios para sair. Acho que a maior parte, consciente, não vai aceitar isso’’, critica Numa.

 

O antigo deputado presume que alguém esteja a ser preparado para dirigir o partido.

 

‘’Ao dizer isto, ele (Samakuva) está a tentar patrocinar alguém que seja seu aliado, vai dirigir o partido… esses acordos não são correctos’’, argumenta Abílio Kamalata Numa

 

O empresário Carlos Alberto, que esteve no Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (Gurn), a convite da Unita, é um observador que olha para a pobreza em Angola quando define o perfil do próximo presidente do partido.

 

‘’Samakuva recebeu a Unita em retalhos, teve capacidade para congregar. Tentaram destruir o partido, por isso digo que o próximo líder deve olhar para o eleitorado, lá nas massas onde estão os desfavorecidos’’, defende.

 

Se tiver anuência da base, o cenário em análise implicará um congresso extraordinário para a escolha do candidato do partido às próximas eleições gerais.