Luanda - Por falta de salários, há 17 meses, 31 trabalhadores da morgue do Hospital Municipal de Cacuaco ameaçam paralisar todas as actividades, caso não seja resolvida a situação, que se arrasta desde Abril de 2018, soube o Jornal de Angola de fonte da instituição.

Fonte: JA
Na morgue do Hospital Municipal de Cacuaco, o único funcionário colocado em regime integral é o director, que trabalha como efectivo. Os outros 31, labutam em regime de contrato, disse fonte da instituição.

Luís Gonçalves Fula, recepcionista da morgue, desde 2015, confirmou aos jornalistas a pretensão de cruzarem os braços, caso não seja resolvida a questão dos salários em falta, há 17 meses.

“Fizemos várias diligências junto do Governo Provincial de Luanda e não houve solução", disse o funcionário que informou que outras diligências foram encetadas a nível local, tendo o administrador municipal respondido "que não sabia onde tirar o dinheiro para nos pagar”.

“Estamos indignados com essas respostas, porque nós fomos recrutados, por intermédio da Administração Municipal de Cacuaco”, ilustrou Luís Fula.

“Não sabemos quem é o nosso patrão, um situação que nos admira, uma vez que a morgue é do Estado”, lamentou o trabalhador.

Justino Casimiro, também trabalhador da instituição, reforçou as palavras do colega, apontando a greve como a solução para reivindicar a situação que os aflige, visto todos terem enormes dificuldades para gerir a situação financeira nas suas casas.

Contactado pelo Jornal de Angola, o administrador municipal de Cacuaco, Augusto José, deixou a promessa de tudo fazer junto das instituições de direito no sentido de encontrar uma solução para esse imbróglio.

Augusto José justificou a situação, com o facto de o Ministério das Finanças ter suspenso as contas a nível dos municípios, a favor da Conta Única do Tesouro, o que levou as circunscrições a perder a capacidade de ressarcir dívidas e honrar atempadamente alguns compromissos.

“Há uma directiva do Ministério das Finanças que suspende as contas a nível dos municípios, passando as receitas a serem depositadas no Portal do Município ou na Conta Única do Tesouro (CUT), o que originou o impedimento de pagar trabalhos sob contrato”, explicou o administrador.

O administrador de Cacuaco disse estar a fazer diligências junto do Governo Provincial de Luanda (GPL) e do Ministério das Finanças para que os valores alocados ao município, possam fazer a cobertura dessa despesa, relacionada com o pagamento dos salários dos trabalhadores da morgue.

Augusto José disse ser ainda necessário actualizar primeiro os contratos, tendo explicado, igualmente, que a morgue não faz parte do quadro orgânico da Administração Municipal.

Explicou ainda que essa situação surge na sequência da inauguração da morgue, ocorrida em 2015, em função da pressão que a população vinha exercendo para a sua utilização.

Depois da sua inauguração, houve muita pressão da população para que ela entrasse em funcionamento, o que levou a indicação imediata de um quadro da Direcção Provincial dos Serviços Comunitários de Luanda, por sinal, o único que se encontra na condição de efectivo, a trabalhar naquela instituição, enquanto que o restante foi recrutado localmente..

“Naquela época, as administrações municipais tinham contas bancárias e recursos próprios que podiam cobrir despesas, os salários foram sendo pagos até há ano e meio atrás”, elucidou o administrador Augusto José.