Lisboa – O comando Geral da Polícia Nacional sob liderança do comissário-chefe Paulo Gaspar de Almeida, enviou uma nota as suas estruturas intermedias proibindo qualquer tipo de exaltação popular a volta da figura do antigo Presidente José Eduardo dos Santos.

Fonte: Club-k.net

Autoridades hostilizam antigo Presidente

Durante a semana, em algumas redes sociais, foram feitos apelos para participação numa  manifestação com vista a exaltar os feitos do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que na quarta-feira completou o seu 77.º aniversário, e ao tempo da sua governação comemorado com vários atos públicos.


Em reação, a Polícia Nacional fez sair um comunicado pedindo a população para "não aderir" a atos de arruaças e de vandalismos, "com a finalidade de perturbar a ordem e tranquilidade públicas, em algumas províncias do país.


A polícia alega ter tomado conhecimento da intenção de alguns indivíduos já identificados e instrumentalizados a partir do exterior do país, que pretendiam organizar "arruaças e atos de vandalismos".


Entretanto, o militante da JMPLA, Miguel Madeira que também fez  parte da iniciativa desmentiu a versão da Polícia Nacional sob alegado financiamento do exterior para celebrarem o aniversario do antigo líder do seu partido,   José Eduardo dos Santos.

 

Os militantes trajados com camisolas com o rosto do antigo líder do partido, alegam que “não houve manifestação nem intenção”, mas que o evento “seria apenas uma passeata de motorizadas”.


Numa outra  mensagem enviada a redação do Club-K, um outro militante  fala em intolerância política e violação dos direitos do homem. “A polícia nacional travou - nos com força musculada, não conseguimos realizar o apelo para  pedir  o fim da perseguição a família de JES. Colocaram cães e cavalos nas ruas, e até fomos chamados de arruaceiros.”

Indignação

Indignado com o comportamento da Polícia Nacional, o veterano jornalista Ilídio Manuel faz referencia a linguagem ameaçadora do comunicado das forças de Paulo de Almeida segundo as quais os manifestantes estavam a ser manipulados a partir do exterior do país e apostavam em levar a cabo actos de vandalismo e arruaças. “Será mesmo verdadeira está versão da PN, ou foi um pretexto para impedir a manifestação?”, questiona o profissional através da sua pagina no facebook.

 

“Admitindo-se que os apoiantes do antigo PR pretendiam fazer uma manifestação de apoio, não vejo nenhum motivo para impedir tal vontade, desde que fossem cumpridos com os pressupostos da Lei do Direito à Reunião e Manifestação. Creio que uma manifestação de apoio a JES não mobilizaria muitas pessoas, talvez juntasse uns 100 apoiantes”, escreveu.


Para Ilídio Manuel, “Caso viesse a acontecer, os apoiantes de João Lourenço poderiam reagir na semana seguinte com uma manifestação gigantesca que mobilizaria, por exemplo, mais de mil pessoas. Seria, do meu ponto de vista, uma forma de «dar uma chapada sem mão aos apoiantes de JES» e levá-los a pensar duas vezes no futuro... Agora, essa de matar as iniciativas à nascença não faz parte do jogo democrático. Já agora, os «fantasmas»/agentes do «imperialismo internacional» recrutados a partir do exterior do país estão de volta? Se o objectivo da PN foi fazer um «frete» a JLo, acabou por prestar um mau serviço à Democracia.”

 


De lembrar que no passado a Polícia Nacional era notabilizada por matar e perseguir cidadãos que se manifestassem contra a governação de José Eduardo dos Santos. Em 2012, dois ativistas Isaias Cassule e Alves Kamulingue foram executados Polícia de Investigação Criminal  por anunciarem uma manifestação para exigir direitos como exigência de subsídios para antigos combatentes.  Por conseguinte,  os comandantes  que estiveram a frente da operação foram de seguida promovidos.

Nota de redação

O Club-K teve acesso aos vídeos em que se podia ver os militantes da JMPLA com um bolo de aniversário para apagar as velas do ex- Chefe de Estado. No vídeo não há registro ou sinais de que os militantes estariam a praticar arruaças ou vandalismo conforme indica o comunicado da Polícia Nacional.