Luanda - Desde a Independência que o País é dirigido e regido pela batuta do MPLA. Desde então, todos os ensaios que se fizeram em direcção ao desenvolvimento do potencial humano dos angolanos e do País se mostraram infrutíferos.

Fonte: Club-k.net

A ESCOLHA CERTA NA HORA CERTA

Depois de longos 42 anos de experiências múltiplas, mas sempre com desfechos francamente negativos, eis que uma ténue esperança se instalou por lapso de tempo, no seio de todos os angolanos. Porém, foi sol de pouca dura. A essência, era afinal a mesma!


A mudança operada na Direcção do MPLA não só não trouxe nada de novo, como também teve o condão de nos reafirmar, que afinal o paradigma era para manter: O filme que corre é o do MPLA


As angolanas e os angolanos mesmo que inconscientemente não paravam de procurar uma alternativa. Eles acreditam como eu acredito, que mesmo havendo uma Assembleia Nacional virtualmente multipartidária, a grande verdade reside no facto que o MPLA põe e dispõe na casa das leis. Podemos mesmo afirmar sem receio de errar, que se existe um parlamento onde estão representados vários partidos, será apenas e tão só, para servir os desígnios do MPLA. Os outros estão lá porque é necessário vender para fora o rosto de multipartidarismo.


O desânimo tende a instalar-se no seio da sociedade angolana. O regime está de pedra e cal. O desempenho dos chamados partidos da oposição era de tal forma insipiente e amorfo que não deixava qualquer alternativa.


Assim sem mais nem menos, sem se anunciar, eis que em virtude do bom desempenho no cargo que ocupa no parlamento – Presidente da Bancada Parlamentar da UNITA - uma figura começou lentamente a captar a atenção dos angolanos em geral. Sem que nada o pudesse prever esta figura transforma-se rapidamente num fenómeno de popularidade transversal a todo o País. E é assim, que as angolanas e os angolanos dos mais diversos extractos político-sociais e económicos olham agora com uma atenção nunca antes experimentada para o Congresso da UNITA marcado para o fim da primeira quinzena de Novembro. E porquê esse interesse desabitual num Congresso do Partido do Galo Negro?


A resposta é mais do que óbvia. Pela primeira vez na história, a UNITA tem uma oportunidade soberana de demonstrar perante as actuais circunstâncias, o quão infundados são os rumores que a definem como um Partido tribalista e racista. Aliás foi-me mostrado por um militante da UNITA uma citação de Jonas Malheiro Savimbi que transcrevo na íntegra:”Eu não defino o Angolano pela cor, seja ele branco preto ou mulato. Eu defino o Angolano como aquele que ama Angola e luta por ela” – fim de citação


A UNITA vai ter, a fazer fé nalgumas notícias postas a circular, um candidato à sua presidência que se chama Adalberto Costa Júnior.


Por esta razão, este Congresso da UNITA está a despertar uma curiosidade desusada na sociedade angolana, mas tudo me dá a entender pelos rumores insistentes, que o MPLA é de todos os actores da vida política do País, o mais atento e também o mais preocupado. Nos bastidores do regime instala-se uma desconcertante incerteza. E se o homem de quem se fala for o próximo presidente da UNITA?


No Kremlin soaram os alarmes. Pelos desabafos em surdina diz-se à boca cheia que o regime está disposto a tudo para evitar tal desfecho. Nos corredores ruminam-se estratégias, os contactos sucedem-se numa azáfama incrível. A pressão sobre Samakuva para se recandidatar é tremenda, pois, só assim podemos compreender porque cria tanto suspense acerca da sua saída ou não.


Dirigentes máximos de alguns órgãos de soberania, não sabemos se na pele de dirigentes, ou apenas como militantes do MPLA, apertam o cerco a Samakuva. Tudo vale para evitar que Costa Júnior chegue ao cadeirão máximo da UNITA.


Há pouco tempo atrás, li um artigo de uma jornalista chamada Ana de Sousa, com o título “O melhor candidato da UNITA para o MPLA” e cujo conteúdo subscrevo na íntegra. Comungo com a análise que faz colocando Adalberto Costa Júnior como o Presidente da UNITA que menos conviria ao MPLA, sempre dentro da lógica do paradigma existente.


Porque será que o regime está tão preocupado com a eleição num outro partido? O nervosismo que se instalou no seio dos camaradas é notório. Nos bastidores o tema de conversa é invariavelmente Adalberto.


Esperamos sinceramente que o bom senso prevaleça, e que a ingerência do regime no partido UNITA, se fique apenas pelas jogadas de bastidores.


Os congressistas da UNITA além de outras decisões importantes que terão de tomar no que à vida interna do Partido diz respeito, têm a RESPONSABILIDADE, e reparem que escrevo a palavra RESPONSABILIDADE em letra grande, perante o Partido, mas sobretudo perante o País, de eleger para seu líder uma figura que não se acomode ao status quo. Por outras palavras, os congressistas vão ter que optar pela continuidade da Direcção existente, ou uma outra também dócil aos desígnios do MPLA, ou escolhem o caminho de romper definitivamente com o paradigma, que rege o País desde a Independência, e a partir daí, colocar-se na dianteira, como uma oposição genuína, que apresente rapidamente a este povo sacrificado e sofrido, uma alternativa credível e responsável.

Lourdes Malaquias Vilar