Lunda Norte – Ao som do batuque, os nativos e curiosos serpentearam os pés dançantes e em coro entoavam cancões de boas-vindas a Anastácia Gabriel, à 13ª Rainha Ngudi-a-Nkama, ao ser elevada ao trono, na sexta-feira última 30 de Agosto do corrente ano, na aldeia com mesmo nome, comuna do Luremo, município do Cuango, província da Lunda-Norte.

*Dinis Bundo
Fonte: Club-k.net
Expectantes, os presentes fizeram ouvir seus assobios e gritos de alegria ao ver sair de uma fortaleza feita de pau-a-pic coberta de capim, a nova Ngudi-a-Nkama que traduzido significa, Mãe das cem, exibia a volta do pescoço, um enorme cordão dourado, (kissanda), sobre o peito, uma pele de animal, já no braço direito empunha um machado (símbolo de autoridade), o longo e lindo vestido de panos africano escondia os pés que caminhavam sobre uma pele de animal, porem, o passo da Rainha, era lento e compassava com o som do batuque tocado por um membro da linhagem, que transmitia a ideia de estarem intensivamente sintonizados.

Ela meneava a cabeça enquanto caminhava num passo senhoril, esbanjando toda beleza que despertava mais e mais a curiosidade dos presentes que a custa de apertos e empurrões, lutavam para registar a cada acontecimento.

Distintas figuras governamental, eclesiásticas e políticas, escalaram, nesta sexta-feira 30 de agosto, a comuna do Luremo, município do Cuango na Lunda- Norte, para ver o histórico ritual e a ascensão ao trono da bela jovem, na mais alta cadeira daquele povo. Entre estes, constaram na lista de convidados, deputados a Assembleia Nacional do circulo provincial, das Forcas Armadas Angolana, familiares e curiosos.

A vice-governadora provincial da Lunda Norte para esferal politica e social, Deolinda Odia Satula Vilarinho, falou a nossa entrevista, tendo considerado de ser um momento ímpar e que visa mostrar a sociedade angolana e o mundo a grandeza cultural da Lunda-Norte, que não deixa escapar os usos e costumes dos povos.

“Lunda-Norte é uma província multicultural, e o papel do estado assenta em continuar a trabalhar juntos com a população na conservação e divulgação dos usos e costumes do nosso povo. Sendo a autoridade tradicional parte deste mesmo governo, não poderíamos estar alheio a este evento", frisou a Vice Satula, que representou o governador provincial.

Já a directora provincial da Cultura, Esmeralda Maximata, disse por seu turno, que a direcção que dirige, em colaboração com as autoridades tradicionais e população em geral, tem tudo feito para conservação dos elementos cultural ao nível da província. “Dentro das nossas responsabilidades, continuaremos a trabalhar para que a Lunda- Norte, contínue a destacar-se na cultura em Angola", rematou.

A 13ª Rainha Ngudi-a-Nkama, toma posse com 40 anos de idade, Anastácia Gabriel é natural do Ngudi-a-Kama, comuna do Lureno, município do Cuango, província da Lunda-Norte. Nasceu aos 06 de Novembro de 1979, é filha de Gabriel Ndengue, e de, Henriqueta Maria Mphango, ambos naturais da comuna do Luremo.

O povo Suku

É um subgrupo do reino do Kongo-a-Ntotila I. Que pode ser encontrado na província de Bandundu na vizinha República Democrática do Congo e no município do Cuango, província da Lunda-Norte em Angola.

Basuku constitui um dos povos formado pelo grupo etino linguístico Kikongo. Têm sua origem no município de Noque, província do Zaire, que procurou atingir o rio Cuango, devido aos benefícios do grande rio e a fertilidade agrícola ali presente.

Reza a história que, entre os anos 1760 a 1770, Basukus sob a liderança de Makumbu Ntota Ntsengo (primeira Rainha Ngudi-a-Kama) e mais 100 tribos, atingiram o rio Cuango, local onde actualmente encontram-se, precisamente na área da Missão Musuku, na comuna do Luremo.