Luanda - Centenas de famílias que perderam as suas casas em Benguela marcharam nesta quarta-feira, 18, em direcção ao palácio do governador Rui Falcão, mas foram desviadas para um frente-a-frente com o administrador municipal, a quem prometeram reerguer as habitações numa acesa discussão.

Fonte: Lusa


Quase uma semana depois da ordem judicial que determinou a demolição de 255 casas, deixando sem abrigo mais de mil cidadãos, conforme os dados actualizados, um clima de tensão tomou conta de algumas artérias da cidade.

 

À entrada da Administração Municipal, ao lado de um forte cordão de segurança, vários cidadãos começaram por denunciar que um agente da Polícia foi apanhado a roubar os seus haveres espalhados entre escombros no chamado ‘’bairro do autódromo’’.

 

‘’Queríamos falar com o senhor Rui Falcão, para mostrar documentos, mas os polícias não deixaram. Fomos empurrados, se calhar porque estamos a dizer que amarrámos um polícia que estava lá a roubar o nosso material’’, queixavam-se os munícipes.

 

O comandante municipal da Polícia, António Pinto, que acompanhou tais depoimentos, optou por não reagir, limitando-se a seguir até à sala de reuniões, onde os manifestantes estiveram duas horas à espera de um encontro marcado por trocas de palavras.

 

Menos de 30 minutos depois do início, o administrador municipal, Carlos Guardado, em declarações à VOA, resumia a mensagem transmitida às famílias que ficaram sem as suas casas.

 

‘’São ilegais, ocupantes ilegais. Não damos apoios a ilegais. Portanto, houve um grupo que ganhou a causa em tribunal’’, afirmou o administrador.

 

A caminho de uma reunião do MPLA, o administrador abandonou a sala debaixo de protestos, com o grupo a prometer reconstruir as casas, exibindo documentos que diz ter sido passado pela própria Administração.

 

‘’Mesmo assim, mesmo que nos matem, vamos voltar. O senhor administrador não nos deu ouvidos, falou sem base’’, reagiram os cidadãos.

 

O advogado das famílias, Chipilica Eduardo, avança que, até agora,não foi notificado da decisão do Tribunal que dá razão ao grupo empresarial que também diz ser dono dos vários hectares, pelo que tenciona aferir eventuais ilegalidades na acção da Polícia.