Luanda - Há tempos estampei no meu mural do Facebook a seguinte questão: “PROFESSOR UNIVERSITÁRIO é o quê, afinal? É um titulo académico, uma patente, profissão ou que?”

Fonte: Club-k.net

Como era de se esperar vários amigos depositaram o seu contributo para a abordagem do tema. Um dos amigos respondeu à pergunta da seguinte maneira: “É um título que o MPLA-governo inventou, para promover os policopiadores de fascículos, sem ideias próprias....!”. Apesar dos livros ainda serem caros, hoje já há mais facilidade de acesso à literatura do que há vinte anos atrás, quando muitos de nós entrou para a a universidade. Por isso, ser absolutamente inaceitável que o professor restrinja os seus estudantes ao estudo em fascículos. Na primeira aula, depois de apresentar o programa da cadeira, é obrigatório dispor igualmente a bibliografia a ser utilizada, para o aluno ir atrás.


Outro amigo foi mais telegráfico afirmando: “é uma invenção da imprensa para acomodar certos aspirantes ao Titulo de Professores e, consequentemente, intelectuais, jå que alguns ainda pensam que o ser intectual é condição dos que estão na academia, na universidade, é estonteante o nosso pedantismo”. O outro comentou: É “Status. Pra acomodar muitos que não cabiam naqueles”. A gente lê em várias obras literárias e não só, o curriculum ou biografia dos seus autores a mencionarem a “categoria” de professores universitários. Vê-se a satisfação que muitos estampam na cara quando são apresentados como professores universitários, parece que faz bem ao ego.


Dentre os comentários há quem fez lembrar um aspecto importantíssimo, hoje parece que qualquer indivíduo pode dar aulas! Não é verdade. Esse é um dos motivos que provocou a “destruição” do nosso ensino. Andamos a reclamar pela falta de qualidade do nosso sistema de educação, olha está aí um dos culpados: Permitir que pessoas sem preparação pedagógica nenhuma, ou metodológica, se quisermos, ensinar os nossos filhos. Dizia o outro amigo: Não te podes chamar de professor ou docente (denominação científica) se não tiveres uma preparação para efeito, se não estudares/dominares a metodologia de ensino daquilo que ensinas.


Dos vários comentários, todos pareciam estar alinhados numa coisa: Isso de “professor universitário” é criação nossa. Depois de uma busca rápida na internet, chegamos à conclusão que essa coisa de “professor universitário” não existe em mais parte nenhuma, só mesmo por cá.


Em termos académicos o indivíduo pode ser Técnico Médio, Bacharel, Licenciado, Pós- Graduado, Mestrado, Doutorado, etc. Na academia, aqueles que leccionam podem ocupar as categorias de Professor, Professor Assistente, Professor Catedrático, Professor Associado, Auxiliar, Assistente ou Assistente Estagiário, diz o Novo Estatuto da Carreira Docente do Ensino Superior em Angola.
Estudar dói.


Estou a lembrar-me dos nossos anos de ensino primário, médio e licenciatura, quando tínhamos que acordar e tomar banho cedo, com água fria, no cacimbo; passar horas a fio a preparar as provas de matemática, perder diversão ou acordar de madrugada para estudar; aturar professores chatos, disciplinas que não nos interessavam! Deve ser por isso que alguns odeiam a escola. Mas esse “sacrifício” todo compensa. Ganhamos conhecimento. A educação/escola dá-nos uma visão do mundo à nossa volta e o transforma em algo melhor. Ajuda-nos a formar opiniões e ter pontos de vista sobre as coisas da vida.


Mas, o facto de não teres um título académico, não significa necessariamente que não saibas nada ou que sejas nabo. Há pessoas que mesmo não tendo feito mestrados ou doutoramentos são detentoras de conhecimentos notáveis. Desvaloriza-se esse conhecimento porque a pessoa não estudou numa escola formal (universidade)? Claro que não, por isso é que existem os Honoris Causa, Masterclass e companhia limitada. Masterclass é uma expressão inglesa que se refere a uma aula dada por um especialista detentor de notório saber em determinada área do conhecimento. O Doutor Honoris Causa é um título concedido, em jeito de homenagem a alguém que obteve reconhecimento público por realizar algo notável (de destaque). No Brasil por exemplo, existe o titulo “Notório Saber”, que é utilizado para qualificar o professor que não fez um curso de doutoramento e que, por isto mesmo, não tem o título de doutor, mas possui conhecimentos equivalentes.


Há uma frase famosa de Elon Musk, o dono da Tesla: "Não confunda instrução com escolaridade, eu não fui para Harvard, mas as pessoas que trabalham para mim sim".


Bill Gates, Steve Jobs e Mark Zuckerberg são respectivamente os fundadores da Microsoft, Apple e Facebook que não tendo títulos académicos singraram na vida e dão “show”. Todos eles abandonaram a universidade e tiveram ideias brilhantes. Bill com a construção do PC que qualquer pessoa pode usar em casa, o mesmo com Steve, dá-se ainda à Steve o mérito pela criação do iPhone e, Mark com a sua “revolução” da mídia social através do Facebook.


Portanto, as pessoas não precisam de fazer–se passar por aquilo que não são. Se estudou merece o título e todos os privilégios e honrarias que a condição de formado oferece, se não possui título académico, não pode intitular-se como tal. “À Caesar o que é de Ceasar”.


Por favor senhores jornalistas, tratem os vossos convidados à entrevista, debates ou programas pelo título académico que ostentam, pelo cargo que ocupam, pela função que desempenham ou pela profissão que exercem.


O autor
Nsambanzary Xirimbimbi