Cabinda - Na dança das cadeiras do governo do MPLA estamos habituados a assistir uma tendência que se tornou uma norma. Quem chega para governar a província cria o seu staff de confiança. E o que vemos é que cada governador que chega na província procura desacreditar o trabalho do seu antecessor até com intrigas, sacrificando aqueles que trabalharam directamente com ele.

Fonte: Club-k.net

Foi exactamente isso que aconteceu com o governador Anibal Rocha em relação ao Eng. Amaro Tati, com o general Mawete João Baptista em relação ao Aníbal Rocha, com a governadora Aldina da Lomba em relação ao Mawete, e ultimamente com o general Laborinho em relação a governação da Aldina da Lomba, considerada a mais catastrófica de todos os tempos que levou o MPLA a uma estrondosa derrota eleitoral em Cabinda.

 

O general Laborinho gaba-se de ter feito em pouco tempo aquilo que a sua camarada não foi capaz em cinco anos. Todos os cabindenses sabem disso. Estamos a viver agora mais um momento de transição com o actual governador Eng. Marcos Nhunga a suceder o general Laborinho que assumiu a pasta do interior que sempre foi a sua pretensão, mas também a casa que ele melhor conhece. Quanto ao novo governador que está a caminho do terceiro mês da sua governação, praticamente ainda não mostrou as garras. É verdade que nas suas visitas de constatação aos quatro municípios, dizem que ficou muito frustrado com o que viu e ouviu das populações locais e talvez tivesse desabafado a sua indignação. Como aqui já estávamos habituados aos ́ ́bifes ́ ́ entre os camaradas que entram e os que saiem, passou logo a noticia de que o governador de Cabinda, Marcos Alexandre Nhunga, criticou o desempenho do seu camarada General Laborinho. É bem provável que o eco da notícia chegou ao senhor General o que obrigou o gabinete de comunicação institucional do governo da Província a desmentir num comunicado.


Até cá o novo governador ainda não ́ ́correu ́ ́ com ninguém. O dispositivo montado por Laborinho ainda está praticamente intacto a nivel do governo da provincia. Não se sabe se o Eng. Marcos Nhunga está apenas a dar tempo ao tempo ou está sob pressão do senhor Ministro do Interior para não mexer nas peças que deixou aqui. Tendo em conta que normalmente as pessoas têm a tendência de manter lealdade a quem lhes deu o cargo, pode acontecer que o staff do General Laborinho está atento nas movimentações do novo governador e nas suas intenções sobretudo em relação aos interesses pessoais que o Laborinho deixou em Cabinda em termos de negócios.


Um deles deve ser o da limpeza da cidade de Cabinda. Hoje vemos a cidade novamente cheia de lixo amontoado em vários cantos. Será que o Laborinho levou consigo a empresa do lixo ou foram cancelados os contratos por Marcos Nhunga? Não vale a pena termos ilusões com essa luta contra a corrupção e impunidade porque os políticos que nos mandam ainda estão a praticar desvios. Todos eles estão metido em negócios. Talvez a única coisa que mudou é que afinaram melhor os mecanismos para pôr a mão na ́ ́muamba ́ ́. Se o Eng. Marcos Nhunga mexer com esses interesses do seu camarada, o mais certo é que isso vai abrir hostilidades cujas repercussões podem prejudicar a sua carreira política. Mas também se deixar as coisas como estão, pode contar já com um suicídio político. Este é um dilema que o Eng. Marcos Nhunga vai ter de resolver nos próximos tempos: ou avança para uma ́ ́limpeza ́ ́ interna criando o seu próprio staff, ou vai governar sempre com a sombra do Laborinho. Certamente uma ruptura com a governação do Laborinho e seu pessoal pode não agradar. As suas antenas no terreno estão ainda atentas a tudo e se alguma coisa estiver a correr mal comunicam logo ao Laborinho e este com um telefonema ou a margem duma reunião do Bureau Político chama atenção ao Eng. Marcos Nhunga.

 

O caminho normal a seguir é aquele que os outros seguiram: cada governador cria o seu proprio staff de confiança. O Laborinho trouxe gente de Luanda para vir trabalhar em Cabinda no seu gabinete quando podia apenas trabalhar com quadros locais. Mas não é porque os que estão cá não são capazes. É mais um problema de confiança. Assim o novo governador tem de criar também o seu próprio gabinete. Tem esse direito. No seio do partido MPLA também é preciso rever algumas coisas. No sábado passado o Eng. Marcos Nhunga foi empossado como novo primeiro secretário do partido em Cabinda.

 

Acontece que o segundo secretário, sr David, é sobrinho do primeiro secretário. E ainda há laços de parentesco entre o primeiro secretário e a primeira secretária da OMA em Cabinda, dona Emiliana.


Isso vai ficar mesmo assim?! Já há problemas de tribalismo no seio do partido MPLA onde que os militantes naturais do Maiombe entendem que chegou a sua vez e que os Bawoio que sempre mandaram vão agora comer o pão que o diabo amassou. Ultimamente a candidata ao cargo de primeiro secretario da JMPLA na província, Milagre Sapalo, filha da antiga governadora e actual deputada Aldina da Lomba, queixou-se duma fraude cometida no acto eleitoral que ela venceu, mas não passou. O dedo está apontado nas forças de bloqueio dentro do MPLA. Afinal, essa historia das fraudes é mesmo cultura dos camaradas. Até entre eles!?

JCL