Lisboa  - Como uma jovem política africana que emergiu do setor privado e nunca teve um emprego no governo ou no setor público antes, devo dizer que a maioria dos mais velhos da geração de combatentes da liberdade que já defenderam ideais da extrema esquerda e/ou políticos com um espírito demasiado militarizado, poderia ter uma visão um tanto deficiente de que que medidas devem ser adotadas para levar o nosso país adiante, em grande parte devido ao facto de nunca terem sido expostos à realidade de como é a vida em países verdadeiramente democráticos.

Fonte: Facebook

Aqueles que não entendem a democracia em termos práticos porque só leram sobre ela nos livros de história e nas notícias, teriam mais dificuldade em contribuir positivamente para um melhor ambiente de negócios num país como Angola, um dos países mais ricos da África em recursos naturais, com uma população jovem e ávida por aprender e trabalhar arduamente, sonhando com melhores dias de progresso, mais oportunidades para a juventude w um futuro próspero.


Alguns dos “velhos homens fortes” perceberam que sua geração havia cumprido sua missão entregando independência e paz ao povo angolano e foram suficientemente humildes para retirar-se da política activa e/ou formal, mas para outros as décadas ininterruptas de dirigismo político nunca serão suficientes e como tal, não só não se conseguem adaptar à democracia, como, para manter as posições de poder alcançadas, não abandonam as velhas práticas típicas das ditaduras.


Apesar da boa vontade escrita e das grandes intenções do partido no poder e mesmo dentro dos principais partidos da oposição, Angola nunca teve uma democracia real em qualquer área, quer dentro dos principais partidos políticos, quer em todas as esferas da sociedade em geral.


Eu espero que alguém da minha geração tenha a oportunidade fazer esta mudança, dando poder total ao povo, através do escrupuloso w absoluto respeito pelas instituições, garantindo a total separação de poderes e gerindo o país com base na meritocracia, com uma cultura menos militarista, mais transparência, respeito pelas regras básicas da democracia e um bom entendimento de como deve funcionar uma economia de mercado.


A cultura política africana precisa de uma muito maior abertura e isso acontecerá mais facilmente quando houver uma transição geracional de poder para líderes (de preferência mais jovens), mais democráticos que sejam tecnocratas e não apenas um lugar “exclusivamente” reservado aos antigos combatentes e veteranos da pátria, como se de uma eterna dívida de gratidão paga com poder ilimitado se tratasse.

Espero que em Angola aconteça nas eleições de 2022.

Welwitschea dos Santos “Tchizé”