Luanda - Ex-secretário-geral, entre 2008-2012, volta a recandidatar-se à liderança deste partido, durante o XIII Congresso Ordinário, em Novembro, e caso ganhe promete fazer profundas mudanças internas.

Fonte: OPAÍS

Apesar de ser apenas hoje que a Comissão de Mandatos deste congresso se vai pronunciar sobre a validação das candidaturas dos cinco concorrentes, Camalata Numa está convencido de que a sua vai passar e já pensa no que vai fazer. Caso venha a ser eleito para presidente da UNITA, no XIII Congresso Ordinário a realizar-se de 13 a 15 de Novembro, em Luanda, o ex-secretário-geral desta força política promete transformá-la numa força do “centro de poder”. Esta é uma das muitas prioridades que pensa fazer avançar, e admite que, com a não recandidatura do ainda actual presidente do partido, Isaías Samakuva, tem as portas escancaradas para concretizar este desejo, depois de não ter podido fazê-lo em 2015.

 

Camalata Numa concorreu, há quatro anos, com Lukamba Paulo “Gato” e Isaías Samakuva, no XII Congresso, mas apesar da derrota sofrida não atirou a toalha ao tapete, e afirma estar em condições para voltar a concorrer ao lado de outros candidatos.

 

Em conversa, ontem, com O PAÍS, de entre as muitas prioridades de um eventual consulado, Numa pensa fazer da UNITA um partido auto-suficiente e revitalizar o projecto de Muangai. A revitalização deste projecto passa pela sua actualização, ou seja, “ensinar a doutrina deste partido com base no que está consagrado neste mesmo projecto”, sublinhou.

 

Numa diz ser importante que os cidadãos, sobretudo a juventude, saibam a importância deste projecto lançado em Março de 1966, no Moxico, numa pequena localidade chamada Muangai, daí o nome. Apesar de ainda não estar em campanha, pensa trabalhar com todos, incluindo com os que não votarem nele, numa perspectiva de congregar todas as franjas do partido, sem olhar para a origem de cada um. “ Vamos trabalhar com todos os que se revêem no projecto da UNITA, sejam bakongo, Kimbundu, ovimbundu, cokwe, ngangela, Kunyama, e outros”, afirmou.

Elenco de direcção

Caso lhe seja confiada a nova direcção da UNITA, Camalata Numa pensa introduzir algumas alterações no “esqueleto principal”, aventando a possibilidade de abertura de vice-presidências para permitir que as mulheres ocupem também lugares de destaque na direcção.

 

Para ele, à LIMA, a organização feminina da UNITA, deve-lhe ser dada a possibilidade para que comece a ter membros no topo da hierarquia, para que um dia, quando este partido for Governo, elas não tenham dificuldades para dirigir. General na reforma e ex-deputado à Assembleia Nacional, Camalata Numa admite também o alargamento da Comissão Política do Comité Permanente (CPCP), órgão deliberativo da UNITA. Disse não continuar a fazer sentido a composição dos seus membros que é de 250 membros, tendo em conta o universo de quadros e militantes que o partido possui.

Cabeça de lista nas eleições

O pré-candidato à liderança do partido do “Galo Negro”, concorda com Isaías Samakuva que, recentemente, defendeu que o cabeça de lista do seu partido para as eleições gerais não seja necessariamente o presidente do partido. “O presidente Samakuva está a defender aquilo que sempre defendi, em termos de candidatos às eleições presidenciais”, afirmou, para quem o partido possui políticos que podem concorrer neste sentido. “Refiro-me ao próprio presidente Samakuva, o Lukamba (Gato) e o Adalberto, que a imprensa diz ter muita aceitação no meio urbano”, apontou. Referiu que o mais importante é que o partido apresente um candidato que corresponda às expectativas dos eleitores e que tenha bom resultado para governar Angola.

Futuro de Samakuva

Camalata Numa considera Isaías Samakuva como sendo “Património do Partido” por tudo o que fez, não só pelo seu percurso como militante, mas, sobretudo, o que fez nestes últimos 16 anos à frente da UNITA. “Se eu for eleito, vou convidá- lo para fazer parte da nossa equipa de trabalho, vai ter um lugar na Comissão Política”, garantiu Camalata Numa.