Lisboa - A empresária Isabel dos Santos garante que é “simplesmente falso” que tenha ordenado a transferência de 38 milhões de dólares (cerca de 34 milhões de euros) da Sonangol após ter sido exonerada da presidência da petrolífera estatal angolana, em novembro de 2017.


Fonte: Lusa

Num email divulgado na segunda-feira, e citado pela Bloomberg, Isabel dos Santos diz que a investigação sobre a transferência, que motivou a instauração de um processo-crime pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola, é “uma vingança política” e uma “caça às bruxas”.

 

No sábado, o jornal angolano Novo Jornal revelou que a PGR de Angola instaurou um processo criminal contra a filha do anterior chefe do Estado, José Eduardo dos Santos. Em causa estão a gestão na Sonangol e as acusações do sucessor de Isabel dos Santos na administração da petrolífera. Em 2018, Carlos Saturnino acusou a empresária de ter transferido 38 milhões de dólares da petrolífera depois de ter sido exonerada.

 

Na declaração citada pela Bloomberg, Isabel dos Santos apelida a investigação de “vingança política”. “A luta contra a corrupção não pode ser usada para alimentar uma agenda de perseguição ou uma caça às bruxas”, refere ainda.


Isabel dos Santos voltou a garantir que a transferência foi feita de forma legal, um ou dois dias antes de ter saído da empresa e de ter sido nomeado um sucessor. A empresária atira ainda que as autoridades deviam antes investigar por que razão a Sonangol tinha uma dívida de cerca de 20 milhões de dólares no final de 2015, antes de chegar ao cargo.


Numa entrevista à Lusa a 14 de outubro, a empresária disse que aceitou liderar a petrolífera porque era “preciso salvar” a Sonangol. E também nessa ocasião negou ter ordenado qualquer transferência depois de ter sido afastada de funções. “Eu acho que houve um aproveitamento e má-fé por parte do meu sucessor [Carlos Saturnino], que quis em algum momento, por razões muito próprias suas, eu acho que foram razões pessoais não foram razões empresariais, criar um clima de desconfiança sobre a anterior gestão”, criticou Isabel dos Santos, garantindo que a transferência fora feita dias antes a sua saída e tinha sido relativa a trabalhos de consultoria encomendados no âmbito da reestruturação da Sonangol. “Nós não tínhamos a mínima ideia que não haveríamos de continuar na Sonangol, e em que data seria dada ordem de exoneração. Aliás, fomos apanhados de surpresa.”


Em março de 2018, a PGR de Angola abriu um inquérito para investigar a denúncia da administração da petrolífera quanto às transferências alegadamente irregulares, após as acusações de Carlos Saturnino — que foi em maio deste ano demitido pelo presidente angolano, João Lourenço. Antes disso, tinha sido demitido em dezembro de 2016 do cargo de presidente da comissão executiva da Sonangol Pesquisa & Produção pela então presidente do conselho de administração da petrolífera, Isabel dos Santos.